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O Jogo - João Dias acredita que é de vez
H.M.M.
João Dias já está habituado a ser personagem central nas cenas do último capítulo. Foi assim nas duas passadas épocas, ao serviço do Santa Clara, e assim será na actual, pelo Trofense. Esta é, por outras palavras, a terceira vez consecutiva que o lateral-direito parte para a última jornada em plena luta pela subida. Nas duas anteriores, morreu na praia. E agora?
Encravado na garganta ainda está o dia 24 de Maio de 2009. O Santa Clara deslocava-se a Santa Maria da Feira no segundo lugar, sabendo, portanto, que não dependia de terceiros para carimbar o regresso ao principal escalão. A história já se sabe. "Marcámos um golo limpo que nos daria o 1-0. Perdemos o jogo e o Leiria, que venceu, subiu", conta, tendo ainda bem presentes a "frustração e a tristeza" que partilhou com os colegas, inclusive no decorrer da partida. "Por muito que a gente se alheie, as informações chegam das bancadas. Não influencia, mas sabíamos que o Leiria vencia", recorda. "Estivemos a época praticamente toda nos dois primeiros lugares. Merecíamos subir", suspira. Digerida a desilusão, João Dias e o Santa Clara partiram para o segundo round em 2009/10. Mais uma vez, entraram nos derradeiros 90 minutos com chances de subir, embora aqui dependentes de vários resultados. "Era mais difícil, mas a esperança morreu em último", assegura. Para João Dias, terminava aí a aventura nos Açores. De regresso ao Continente, abraçou o projecto do Trofense e a mesma missão pela qual correu nos dois anteriores anos. Ironicamente, a história repete-se, pois será na última jornada que João Dias vai jogar pelo tudo ou nada. "Podíamos já estar com a subida garantida", lamenta, apontando para alguns erros de arbitragem e também pontos perdidos por culpa própria. "Agora não podemos olhar para essas coisas", mentaliza-se, ciente de que tudo o que pode fazer é "vencer o próximo jogo", curiosamente frente ao Santa Clara. "Eu espero que o Fátima faça um bom resultado em Barcelos e que seja desta, que seja de vez", atira, esperançado. Domingo se saberá se foi mesmo à terceira que quebrou o enguiço.
Um bom passo atrás
Natural de Braga, foi no principal clube da terra que João Dias iniciou a formação. Esteve lá até aos juvenis e saiu em direcção ao FC Porto, onde deu os primeiros passos como sénior, então na equipa B. Surgiu, depois, a oportunidade, dada por um empresário, de rumar à Serie C italiana, ao serviço do Prato. "Cresci e experimentei metodologias diferentes", garante. As coisas viriam a complicar-se e João Dias acabou por seguir para o Infesta. Por esta altura, não era o percurso com que sonhara, mas serviu para algo muito mais importante do que sonhar: aprender. "Algumas promessas falharam e optei por começar de novo. Esses dois anos, apesar de prejudicarem o meu progresso rumo à I Liga, que é um objectivo meu, foram importantes para crescer e perceber coisas que se passam no futebol", testemunha. É a vantagem de saber dar um passo atrás.
Licenciado e quase mestre
Apesar de já ter andado pelos Açores e até Itália, João Dias nunca desistiu dos estudos. Já é licenciado em Desporto e Educação Física e frequenta o primeiro ano de mestrado, na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. "Vou-me especializando, ganhando tempo e adiantando trabalho", comenta, falando do dia em que terminar a carreira.
Aquele Maio feliz
Os últimos meses de Maio têm sido frustrantes, mas há um, o de 2003, que o defesa guardará para sempre. O motivo foi a conquista do título europeu em sub-17, cuja fase final foi disputada em Portugal. João Dias fez os minutos de todos jogos e contribuiu em grande escala para uma das mais bonitas páginas do futebol luso ao nível de selecções. "Foi o momento mais feliz" de uma carreira que conta com internacionalizações várias nos diversos escalões. Recentemente, ajudou à conquista do International Challenge Trophy, em sub-23, apesar não ter jogado a final para preparar o importante jogo com o Covilhã.
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