quarta-feira, abril 18, 2012

UEFA | Entrevista a João Pereira

Jovem João Pereira espera crescer no Sheriff
O defesa da selecção de Sub-21 de Portugal, João Pereira, fez mais de três mil quilómetros rumo a Leste para dar um passo em frente na carreira e alinhar nos moldavos do Sheriff, mas a ambição aponta para mais perto. 


Cerca de três mil são os quilómetros que separam Tiraspol de Barcelona, mas para João Pereira, jovem defesa internacional Sub-21 de Portugal, a pouco habitual decisão de deixar bem cedo o seu país para rumar a uma nova aventura na capital da República da Moldávia foi inspirada no sonho de, um dia, vestir a camisola do actual campeão espanhol e europeu.
"Quero jogar pelo Barcelona", frisou o defesa de 21 anos. "Tenho consciência de que nem todos os que querem lá jogar conseguem, mas vou trabalhar muito e, quem sabe, talvez um dia este meu sonho se torne realidade."
Rumar a uma antiga república soviética constitui um grande desvio para quem quer ir de Portugal para o Nordeste de Espanha, e João Pereira, que antes alinhava pelo Trofense, no segundo escalão do futebol português, admite que alguns dos seus colegas da selecção lusa de Sub-21 brincam com ele sobre a escolha do seu novo clube.
Ao mesmo tempo, porém, existe uma lógica evidente por detrás desta sua mudança de ares. "A maioria dos jogadores irá concordar que a possibilidade de jogar na UEFA Champions League ou na Europa League é um argumento importante", explicou ao UEFA.com. "Alguns dos meus colegas têm contratos com equipas dos escalões principais de Espanha e Portugal, mas eu estou a seguir o meu próprio percurso."
"Este é um passo em frente na minha carreira, que ainda está no início. Por agora dou-me por satisfeito por ajudar o Sheriff a sagrar-se campeão nacional e jogar na Europa, se tudo correr bem, quem sabe, na fase de grupos da Champions League."
O Sheriff é, efectivamente, uma equipa habituada aos palcos europeus. Esteve dez anos consecutivos nas pré-eliminatórias da UEFA Champions League, antes de, no ano passado, perder o título de campeão moldavo para o FC Dacia Chisinau, e nas temporadas de 2009/10 e 2010/11 marcou presença na fase de grupos da UEFA Europa League.
A contratação de João Pereira, que assinou pelo clube um contrato válido por três anos e meio, deu que falar na República da Moldávia e sublinhou a determinação do Sheriff em recuperar o título perdido para o Dacia. No que diz respeito ao jogador, trata-se de um grande desafio para alguém que apenas havia jogador nos escalões inferiores em Portugal.
João Pereira havia chegado ao Trofense depois de uma passagem pelo Fátima. Agora, contudo, joga num clube que luta pela conquista de troféus. "Queria experimentar jogar fora do meu país, lutar por títulos e, mais importante, disputar as competições europeias", referiu. "Aqui tenho as condições ideais para melhorar como profissional, contamos com uma excelente infra-estrutura e os objectivos são alto."
Esteve pela primeira vez no campo de treinos do Sheriff quando, em Setembro do ano passado, as selecções de Sub-21 de Portugal e da República da Moldávia se encontraram. "Foi em Tiraspol que joguei pela primeira vez neste país. Ganhámos 2-0 e tive a felicidade de apontar um dos golos", recorda João Pereira, que alinhou em todos os jogos da selecção portuguesa no Grupo 6 de apuramento para o Campeonato da Europa de Sub-21 de 2013.
"Gostei bastante do campo de treinos do Sheriff. Apenas alguns meses depois, o clube acabou por me oferecer um contrato, por isso parece coisa do destino." Estreou-se com uma vitória por 2-0 sobre o FC Costuleni, a 3 de Março, num jogo em que alinhou no lado esquerdo da defesa e fez a assistência para um dos golos. De volta ao centro da defesa, já defrontou por duas vezes o grande rival na corrida ao título, o Dacia, tendo ambos os encontros terminado com empates a zero.
O jogador admite que se está a tentar adaptar, pouco a pouco, ao futebol de um país diferente. "As equipas aqui dão mais atenção à força física do que à técnica, ao contrário do que sucede no meu país", acrescentou João Pereira. "É complicado habituarmo-nos a isso de um momento para o outro, particularmente porque a maior parte dos jogos são disputados em relvados artificiais." Não há dúvida que há muito mais aspectos aos quais João Pereira se terá de ambientar, mas tanto ele como o Sheriff esperam que a coragem de abraçar este desafio acabe por dar frutos.

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