Artigo de opinião | A Relação Entre Clubes e Adeptos

O futebol emergiu, no século XX, como o mais popular desporto em todo o mundo. A importância social e cultural do futebol é tão profunda nas sociedades actuais que, mobiliza a totalidade da sociedade e das instituições. As razões são simples de explicar, a facilidade de compreensão das regras do jogo e a facilidade de praticar o próprio jogo. A “festa” do futebol vai, também, muito além do que se passa no terreno de jogo durante os 90 minutos, traduzindo-se nas bandeiras, cânticos, cachecóis, caras pintadas e nos treinadores de bancada que, comentam cada passe errado ou acertado, cada remate, cada substituição. Para muitos adeptos, assistir a um jogo de futebol é um momento onde se experimentam excitação, nervosismo, ansiedade, frustração, euforia e às vezes até, drama. Não há dúvida que, os adeptos são o verdadeiro e principal activo de qualquer clube de futebol. Os adeptos são a maior potência geradora de receitas, directa ou indirectamente, e sem eles, nenhum clube poderá crescer, quer desportivamente, quer financeiramente. A UEFA muita atenta a esta relação, a partir da época 2012/13, criou um novo critério para o licenciamento dos clubes. Todos os clubes terão de possuir um agente responsável pelo contacto com os adeptos (SLO), que tem como missão, informar os adeptos das decisões mais importantes tomadas pela direcção do clube e, no sentido inverso, comunicar à direcção as necessidades expressas pelos adeptos. 
Ora, apesar da importância que os adeptos têm nos clubes e da vontade de verem o seu clube ganhar sempre, do meu ponto de vista, não consigo compreender as motivações que levaram alguns adeptos nos últimos jogos do Trofense, em casa, a assobiarem e a vaiarem a equipa. Uma equipa bem orientada técnica e tacticamente, que pratica um futebol vistoso e agradável, com um plantel jovem e com grande progressão onde despontam o Sérginho e o Nildo, a ocupar os lugares cimeiros da tabela e a discutir a subida de divisão. Num contexto de eleições no clube onde o principal responsável, o Presidente Rui Silva, coloca muitas reservas à sua continuidade. É neste momento que as relações entre a equipa de futebol e os adeptos devem estar equilibradas e reunidas para que, a equipa, tenha a tranquilidade e a confiança para ter sucesso em campo e que os agentes económicos e políticos da região percebam que o futebol profissional é um excelente veículo promocional dos produtos, marcas e empresas. Que ignorar a importância do futebol é contribuir para colocar a região fora de uma das mais importantes e dinâmicas indústrias dos nossos tempos e dessa forma perder um forte factor de competitividade.

Rui Borges