Contratações de Janeiro? Contratem-se novos adeptos com urgência!

Abro o jornal, procuro as notícias do nosso Clube e umas palavras se destacam imediatamente.
"À equipa do Trofense, nada é perdoado por uma facção dos seus adeptos, que tanto vaiam um passe mal medido como uma substituição. Com um ambiente adverso, os jogadores ficam nervosos, e o jogo nem sempre sai fluido."

Infelizmente esta é a realidade actual da mentalidade de uma parte da nossa massa adepta. Eu sei que apenas recentemente começamos a jogar competições profissionais, mas já era tempo de muita gente ter evoluído e ter pela nossa equipa uma atitude mais elevada e mais bairrista. Não podemos ter uma equipa numa competição profissional e uma parte dos adeptos a jogar na "Liga dos Últimos ".
Como o Caicó sensatamente referiu na sua pequena entrevista, os atletas não precisam de palmadinhas nas costas, quando as coisas correm bem. Precisam de apoio quando estão a perder. Precisam de sentir que os adeptos estão com eles e acreditam até ao último minuto. Que fazem alguns dos nossos adeptos? Parece que a equipa está sempre a jogar fora de casa. Lamentável e vergonhoso para a Trofa.
Domingo, na minha opinião e de toda a Comunicação Social, o Trofense só pecou pela finalização. Mas os apupos eram constantes, se até a mim me enervavam, imagino o que faria aos jogadores e responsáveis. Afinal que querem esses que vão ao estádio insultar e assobiar?
Depois tudo reage em cadeia. Um diz uma coisa, o que está ao lado acha por bem repetir e um outro mais abaixo repete também, por vezes nem se apercebendo da barbaridade do que é dito! Ainda há jogos atrás, o Serginho saiu aleijado, e à minha frente assobiavam o treinador pela substituição! Inacreditável.
Dá-se voz à ignorância e à maledicência. Esquecem-se que quem está em campo, são seres humanos, sujeitos a falhas e erros, não são "robots" programáveis para estarem sempre ao melhor nível. Quem está em campo são os NOSSOS jogadores.
Imaginem-se no vosso emprego a trabalharem sobre pressão, sendo criticados por cada ação que fazem. Coloquem-se por minutos nessa posição, imaginem o vosso supervisor a criticar cada letra que escrevam, cada tijolo que assentem, cada parede que pintem.
Em vez de apoiarem, insultam. Em vez de bater palmas, assobiam. Uma vergonha! Afinal de que serve jogar em casa? Para que serve o factor casa? Andam o treinadores deste país a dizer que o Trofense é a equipa que pratica melhor futebol, e alguns dos nossos adeptos a criticar a equipa. Quem percebe e sabe, elogia-nos. Quem é curioso, critica-nos. Tudo ao contrário. Só os nossos adeptos parecem não o compreender.
É triste sentir que o Trofense começa a ter medo do ambiente na sua própria casa. É triste pensar que se critique um ou outro jogador pela mais pequena falha.
Sinto tristeza ao ver a nossa equipa a ser assobiada e apupada constantemente. Mas mais que tristeza sinto revolta quando não o merecem e contra o Arouca, não mereciam francamente.
Domingo à tarde, sou confrontada com um email escrito por um miúdo de 14 anos, onde entre outras coisas escreve, “não é justo o "agradecimento" que a massa associativa dá aos jogadores e à equipa técnica, enfim, a toda a estrutura do clube.”
Um adolescente a dar uma lição aos adultos desta terra. Mais adiante, diz ainda
"Não posso ficar parado! Não posso eu, e não podem todos os trofenses que amam o clube."
Sensibilizou-me.
Realmente podemos ficar parados? Podemos ver e sentir estes ambientes e ficar calados. Não, não podemos, não podemos mudar a mentalidade e as limitações de todos, mas podemos melhorá-las. No mínimo, podemos sensibilizar as pessoas por meio da palavra e fazê-las ver que estão a prejudicar o Trofense.
Por isso, quando se comenta, se o Trofense vai contratar jogadores agora na abertura do mercado de Janeiro, eu digo, contratem novos adeptos, seria melhor e ajudaria mais a equipa. Seriam as melhores contratações que poderíamos fazer. Não tenho a menor dúvida. Ser adepto é acima de tudo ser apoiante. Ou alguém é adepto para descarregar angústias nos outros ou treinar o assobio?
E não me digam que futebol é assim, porque não é. Vou a muitos jogos fora, fico em muitos estádios sentada entre os adeptos da casa e o que vejo e ouço no nosso estádio, não acontece em mais lado nenhum.
Concordo com o treinador quando diz, que se queremos assobiar, que esperemos pelo final, agora serem verdadeiras “matracas” durante um jogo inteiro, tira a paciência e enerva qualquer mortal. E, todos os que estão dentro daquelas 4 linhas são seres humanos, como qualquer um de nós.
Se queremos ser Grandes, teremos que fazer por isso e acima de tudo fazer por o merecer, dentro e fora das quatro linhas. O Trofense não joga na Liga dos Últimos, joga na II Liga Nacional.

"Maria"