Tempo de renascer ?

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso...

...E terminar tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?

(Charles Chaplin)

Esta citação da qual transcrevo parte, faz-me lembrar o Trofense dos últimos anos, começamos sempre onde devíamos terminar e vice-versa.

Vejamos:

Com o Dr. Rui Silva, o clube viveu os seus tempos mais áureos. Fomos falados, respeitados e elogiados por este país fora, mas analisando com clareza os seus mandatos, o nosso Presidente, deixou-nos quando a lógica seria pegar no clube. Desistiu, quando finalmente obteve as melhores condições, que mereciam ter tido continuidade. Saiu quando finalmente "nasceu".

Devia ter iniciado a sua gestão com verdadeiros e competentes profissionais, com um plantel jovem e com garantias de qualidade e continuidade, para rentabilizar e se possível fazer com que o clube se auto-gerisse de forma autónoma, com activos próprios.

Olhando para o seu primeiro mandato, vemos um vasto lote de jogadores, que acabaram as suas carreiras, outros a jogar em ligas amadoras, salvo uma ou duas excepções.

Apostou forte e sem contenção de custos na subida, conseguiu é certo, mas à força de muito dinheiro, de um orçamento muito alto. O Plantel era extenso, de qualidade duvidosa e sem qualquer espécie de retorno, nem financeiro, nem desportivo, pois descemos na época seguinte. Também não fomos felizes na escolha dos treinadores.

Finalmente, a época passada construiu-se o grupo mais barato, um plantel com gente jovem e com margem de progressão, ficamos a 2 pontos ou um golo (conforme preferirem) da subida, numa época massacrados por péssimas arbitragens. Mesmo assim conseguimos a melhor pontuação de sempre desde que jogamos nos campeonatos profissionais. Fez-se um bom trabalho, o que devia ter sido feito no começo e não no final de um ciclo. Mais, jogamos futebol de qualidade e não raras vezes o melhor futebol que vi até hoje o Trofense jogar.

Devia ter sido esta a nossa época de nascimento para o profissionalismo, não a nossa "morte anunciada" que é o que está a acontecer.

Com o clube à deriva, sem capitão na proa, facilmente vimos os nossos "marujos" a seguir outros destinos. Tudo a custo zero, porque por muito que nos custe, ninguém compra a um clube nestas condições, antes aproveitam-se para levar os melhores jogadores. Um clube em tal situação, que até o Presidente da Assembleia Dr. Armando Dias, saiu sem avisar os sócios, apesar de ter reunido com eles nessa noite.

Entrou o Sr. José Leitão, temos que lhe reconhecer a coragem de pegar num clube que mais ninguém pegou. Sobrou-lhe em vontade, o que lhe falta nos cofres. Ficou com uma pesada herança, mas descartou logo o melhor dela, o treinador Porfírio Amorim.

Descartou o que de melhor o Dr. Rui Silva fez nestes anos à frente do Trofense, um erro que já se começou a revelar e que lhe será fatal.

A ele, à sua gestão e a todos nós, que queremos o melhor para o nosso clube. Todo o trabalho, o bom trabalho que se fez na época passada, foi simplesmente desperdiçado, jogado fora. Por inconsciência não houve vontade para manter o melhor da herança de Rui Silva.

Tenho estado em silêncio, porque se não tens nada de bom para dizer, o melhor é calares. Mas perante os actuais cenários, chegou a hora de falar, porque semana a semana vejo tomar más decisões e vejo o nosso clube mergulhar num abismo de onde dificilmente terá retorno e isso eu não quero. Antes de qualquer pessoa, para mim está a instituição e é essa que vejo ferida de morte.

Não há publicidade nas camisolas, os jogadores andam tristes, treinam e jogam sem convicção, sem união, nem técnica ou estratégia de jogo, outros tentam remar contra a corrente com uma "raiva" indisfarçável. A má qualidade dos jogos, anda a ser desculpada com o atraso nos trabalhos. Mas essa desculpa apenas tinha sentido para os jogos da Taça da Liga, não agora que já passaram mais de 2 meses. Vejo alguns dos melhores jogadores serem dispensados ou deixados no banco. Vejo apostar em ex-juniores emprestados e os nossos nem convocados são e quando o foram, mostraram que podiam ser úteis neste plantel. Agora talvez percebam os elogios do Serginho ao ex-treinador Porfirio Amorim.

Estamos no final da tabela, o treinador só apresenta desculpas sem sentido e neste cenário não haverá quem aposte em nós, quem nos patrocine e até o público começa a afastar-se.

Estamos moribundos, mas enquanto não morrermos, ainda existe a esperança de voltarmos à vida. Assim as pessoas o queiram...

E.S.