Depois de ter anunciado que não se recandidata à presidência da direção do Trofense, Rui Silva falou com o Notícias da Trofa para mostrar preocupação com o futuro do clube e surpresa perante a demissão do presidente da Assembleia-geral, Armando Dias.
Rui Silva está “surpreendido e preocupado”
O Notícias da Trofa (NT): Com a sua saída não sente que ficou mal-amado pelos sócios?
Rui Silva (RS): No universo Trofense, não existe apenas o sócio Rui Silva com condições necessárias para ser presidente do clube. Nem ninguém pode exigir mais de mim e da minha família, pois nos últimos 15 anos demos muito ao Trofense e ninguém pode ter o atrevimento de beliscar ou minimizar tanta dedicação. Eu sou o principal credor do clube. Tenho 95 por cento dos créditos e ainda ninguém me viu criar qualquer dificuldade ou exigência aos futuros dirigentes. O clube tem atualmente um volume de custos muito acessível para uma direção minimamente preparada. O orçamento de todo o futebol tem um valor global perfeitamente normal para a II Liga. O emagrecimento financeiro que fizemos nos últimos anos foi muito grande e atualmente uma direção minimamente competente pode gerir o clube sem grandes dificuldades.
NT: Por que é que não compareceu a nenhuma das assembleias no fim da época?
RS: Uma das razões é exatamente para que todos entendam que o futuro do Trofense não passa pelo Rui Silva como dirigente. Os sócios do clube têm que perceber que chegou o momento de entre eles escolherem um novo presidente. Quero que todos os sócios percebam que agora é apenas com eles que o Trofense deve caminhar no futuro próximo. Este é o momento de cada sócio assumir as suas responsabilidades. Eu vou continuar a assumir as minhas responsabilidades pessoais, ao contrário do Presidente da Assembleia-geral, que fugiu às suas responsabilidades pessoais e institucionais.
NT: Como é que analisa a demissão de Armando Dias?
RS: Estou muito preocupado com o futuro imediato do CD Trofense. Acho um ato da máxima irresponsabilidade esta surpreendente demissão do Presidente da Assembleia-geral. Acho eu e devem achar todos os sócios do Trofense. Como é possível que tenha dirigido a última Assembleia-geral horas depois de ter enviado uma carta de demissão ao presidente do Conselho Fiscal e não tenha comunicado que já se tinha demitido aos sócios na Assembleia, nem a nenhum membro dos órgãos sociais. Como foi possível ter dirigido uma Assembleia-geral tão importante numa situação de demissionário? Pior ainda, anunciou aos sócios na Assembleia ter a situação sob controlo e ter soluções para o futuro. Num momento tão delicado na vida do clube, esta fuga do Presidente da Assembleia-geral é um ato total de deslealdade e falta de respeito pelo Trofense e por todos os sócios do clube. Então ele não é por definição o representante máximo dos sócios? Acho que é mesmo inédito no futebol português. Fomos todos surpreendidos. Eu nem queria acreditar.
NT: Alguns sócios estão preocupados com a situação financeira do clube…
RS: Qualquer sócio do Trofense que acompanhe a vida do clube e esteja presente regularmente nas Assembleias tem conhecimento das contas do clube, porque tudo é muito transparente e oficialmente fiscalizado. Estranho é que até ao momento, ninguém devidamente referenciado tenha vindo ter comigo ou com o diretor da área financeira para tomar conhecimento sobre as contas com o objetivo de se candidatar à direção do clube. Isso é preocupante.
NT: Enquanto não se resolve o impasse diretivo, o que é que está a ser feito para preparar a próxima época?
RS: Não tem qualquer sentido ser quem sai (a minha direção) a preparar a próxima época para quem entra. Deixo uma herança bem positiva quer em termos da base do plantel, quer em termos orçamentais. O clube está hoje muito mais estruturado e dimensionado que outrora. Não podemos esquecer-nos que, oficialmente, a época começa daqui a 20 dias. A minha direção está unicamente a fazer a gestão corrente e a deixar a casa bem arrumada. Temos até tudo pronto para fazer a inscrição da equipa e os pagamentos em dia, mas não faz sentido que fossemos nós a fazer o plantel, escolher o treinador e a preparar a próxima época para depois vir outra direção gerir o clube. Não podemos escolher e decidir pelos nossos sucessores.
NT: O que é que espera para o futuro do clube?
RS: Espero e desejo que tudo fique resolvido na próxima Assembleia. É nestes momentos que os trofenses se devem unir para encontrar uma boa solução para o clube. Eu como sócio, como ex- presidente e como maior credor do clube, estou totalmente disponível para facilitar a entrada dos novos dirigentes.
Cátia Veloso
catia@onoticiasdatrofa.pt
5 comentários:
Boa entrevista e bem esclarecedora para mim.
Também estou de acordo que não ia fazer nada às 2 últimas assembleias não me parece que fosse lá resolver algum problema do Trofense.
de entre as muitas frases acertadas que pode ler vou destacar estas, “Qualquer sócio do Trofense que acompanhe a vida do clube e esteja presente regularmente nas Assembleias tem conhecimento das contas do clube, … Estranho é que até ao momento, ninguém devidamente referenciado tenha vindo ter comigo ou com o director da área financeira para tomar conhecimento sobre as contas”… “atualmente uma direção minimamente competente pode gerir o clube sem grandes dificuldades.”
E eu que passei os 2 últimos anos a pensar que não ia faltar gente competente para gerir o clube.
Nao tem desculpa. Ele tinha obrigaçao de ter ido as assembleias dar a cara e explicar pq nao fica e dizer alguma coisa. Ele virou as costas ao clube numa situaçao como esta. Para mim ja perdeu toda a credibilidade.
Desculpem mas o rui silva virou as costas ao nosso clube, numa situaçao que precisava de apoio. É uma vergonha o que esta acontecer ao trofense. TENHAM VERGONHA.
Este esclarecimento devia dizer nas assembleias onde nao apareceu a dar a cara.
é este senhor que ha uns anos atrás disse que nunca iria deixar o trofense a qq um, nem nunca ia deixar o clube num vazio??
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