Sem rancor a Paulo Sérgio
Ricardo Jorge é um nome vulgar, Mangualde uma imagem de marca. Por incrível que pareça, o defesa-direito que adoptou o nome da cidade onde nasceu, a 14 de Fevereiro de 1982, para ser conhecido no mundo do futebol luta desde Julho contra uma anormal situação de desemprego.
Aos 28 anos, o jogador que participou em 48 jogos da Liga principal ficou sem clube depois de ter partido para uma aventura em Chipre, ao serviço do Doxa Katokopia. "Depois do Freamunde, optei por melhorar a parte financeira. Apesar de o campeonato cipriota começar a evoluir favoravelmente, a nível desportivo não tem nada a ver com o nosso. Foi mau ter saído, porque acabei por cair no esquecimento", confessou o defesa-direito dispensado por Paulo Sérgio no início de 2009/10, tendo passado então para o Freamunde, clube rival do Paços de Ferreira, depois de rescindir contrato. "Foi ele que decidiu dispensar-me do Paços, onde vivi grandes momentos da minha carreira", recordou o jogador formado no Sporting que, antes de chegar à Capital do Móvel, representou o Oriental. "Foi uma opção que ele tomou na altura, não o critico nem guardo qualquer rancor, porque uns treinadores gostam de jogadores com determinadas características e outros com outras", considerou o jogador, que, entre outras memórias fantásticas do pacenses, destaca, por exemplo, os dois jogos na Taça UEFA com o AZ Alkmaar, em 2007/08, na altura orientado por Louis van Gaal. "O José Mota deu-me imensas oportunidades, essa de jogar na Europa foi uma muito especial", contou.
Agora, a oportunidade que pretende agarrar é bem diferente. Pelo facto de estar no desemprego, não disse "não" à possibilidade de lutar por um contrato. "A convite do Sindicato dos Jogadores do Sul, participei no estágio de Verão, e esta é outra excelente oportunidade para trabalhar em grupo e para mostrar que estou em forma."
Com a humildade de sempre, Mangualde pensa em dar hoje outra vez o máximo para ser o eleito de Porfírio Amorim, treinador do Trofense, que assumirá o papel de presidente do júri responsável por escolher quem vai assinar pelo clube até Junho de 2011. "Se por acaso for o escolhido, será muito bom para quem está sem clube há tanto tempo, mas se não for possível, pode ser que em Janeiro apareça outro clube. Haja fé", desabafou o lateral. MELO ROSA
Puma recorda tempos áureos
Puma era uma das caras conhecidas dos jogadores desempregados que ontem estiveram no Complexo Desportivo do Trofense. Agora com 31 anos, o médio-defensivo passou por Estrela da Amadora, Belenenses, Braga - foi treinado por Toni, Manuel Cajuda, Vítor Oliveira, Carlos Manuel e Fernando Castro Santos -, Naval, Setúbal, onde chegou à final da Taça de Portugal com José Rachão, Maia e, em Chipre, Aris de Limassol, Paralimni e Alki Larnaca. Desde 2009 que não tem clube. "Tenho recebido telefonemas para um eventual regresso, mas querem fazer contratos amadores, que não são benéficos", confessou este excluído do exame final.
Napoleão saiu da batalha
Gilberto foi o primeiro a ficar lesionado num dos dois treinos de ontem. A vontade de não perder esta oportunidade era tanta que acabou por reentrar em campo. O muito esforço desenvolvido implicou mais problemas físicos, como por exemplo a Napoleão, que, infelizmente, foi obrigado a abandonar esta batalha.
Jogadores com história, formação e aventuras em clubes estrangeiros
Entre os 25 seleccionados para o último dia, encontram-se casos curiosos. Como, por exemplo, o de três amadores (Sandro Silva, Ito e João Abreu) terem sido formados no Sporting. Além de Ernesto e de Mangualde, também Puma e Luís Fernando, que não foram escolhidos, estiveram no estrangeiro, mais concretamente em Chipre. E entre todos os candidatos amadores, havia 13 com clube. A lista decisiva é esta: Ernesto, Miguel Guedes e Osmane (guarda-redes); Mangualde, Hélder Oliveira, Sandro Silva, Bruno Graça, Hélder, Rui Miranda, João Rodrigues, João Abreu, Pedro Barbosa, Edglay, Paiva, Ito, Nélson, Picherilli, Yanick, Cristiano, Kevin, Gilberto, Tonanha, Messias, Ladeira e Diego.
Um herói da Taça entre candidatos
A 17 de Outubro de 2010, o Valenciano fazia história ao eliminar pela primeira vez um clube da Liga principal. O grande responsável por esse feito, diante do Olhanense, então orientado por Jorge Costa, foi Hélder Oliveira, autor do golo do empate, que permitiu levar para prolongamento o jogo, que acabaria por ser decidido nas grandes penalidades.
O defesa-central, de 26 anos, agora no Melgacense, da Série A da III Divisão, é um dos 25 jogadores que hoje tentarão convencer Porfírio Amorim de que tem capacidade para assinar contrato pelo Trofense. "É uma experiência enriquecedora e tenho, claro, a esperança de vir a ser escolhido; no meio de tantos jogadores e de tantas posições, há que ter sempre ambição", confessou o jogador, que tem dado nas vistas pela subtileza com que consegue ocupar os espaços na zona central da defesa.
Habituado a escalões inferiores, este é "um momento extraordinário" de uma carreira iniciada nas escolas do Rio Ave. Passou depois pelo Braga B, onde foi treinado por António Caldas e Micael Sequeira, pelo Villanueva de Córdova, da II Divisão B de Espanha, por Dragões Sandinenses, Maria da Fonte, Tirsense e Valenciano até assinar pelo Melgacense.
Ernesto e Osmane disputam lugar na baliza
Ernesto passou por clubes como o Estoril ou o Alverca e está agora no desemprego; Osmane, guarda-redes de 19 anos, veio há pouco mais de um ano do Gabão para "tentar um clube bom" e para já representou o Régua, da Divisão de Honra da AF Vila Real, e está presentemente no Académica de Felgueiras, da Divisão de Honra da AF Porto. Osmane convenceu os treinadores do Sindicato dos Jogadores em dois dias seguidos de testes e estará hoje a discutir um lugar na baliza com Miguel Guedes e Ernesto. "No Gabão, jogava numa escola nacional de futebol e aqui, apesar de estar bem onde estou, aproveitei esta oportunidade para tentar um clube com outras dimensões."
Formado no Setúbal, Ernesto esteve no Barreirense (onde foi lançado como profissional por José Rachão); no Alverca (Jesualdo Ferreira deu-lhe a oportunidade de jogar na I Liga); no Estoril; no Doxa, de Chipre; e, na época passada, no Carregado. "Em Junho, não recebi nenhuma proposta de especial. Parece que Portugal está bem servido de guarda-redes", lamentou Ernesto, que pretende, com esta oportunidade concedida pela Betclic, lutar contra a tendência de "entrarem cada vez mais estrangeiros no nosso mercado".
fonte: Jornal O Jogo
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