Pela primeira vez, a revista Sou Trofense traz até vocês a entrevista a um jogador do Trofense, mas que não vem da formação do mesmo, Tiago Portuga. Ele é conhecido por uma grande paixão a Portugal, mesmo tendo passado maior parte da sua vida a residir no Brasil. No país dos "cariocas", Portuga aprendeu a jogar futebol e percebeu que o mesmo seria o seu futuro. Hoje representa o clube da Trofa e entre uma conversa animada, o mesmo afirmou-nos que se sente em casa e que o Trofense é um clube com óptimas condições. O seu grande sonho passa por envergar a camisola da Selecção Nacional Portuguesa e um grande clube na Europa....mas que neste momento o CD Trofense é a sua única preocupação.
Quem é?
Nome Tiago Venâncio Alves Pires
Nacionalidade Brasil/Portugal
Nascimento 1991-10-20 (23 anos)
Naturalidade Braga - Portugal
Posição Defesa (Defesa Esquerdo)
Pé preferencial Esquerdo
Altura 178 cm
Peso 74 kg
Equipa CD Trofense
ST: Onde nasceste e onde cresceste?
TP: Nasci em Braga (Portugal) e fui criado em São Paulo (Brasil).
ST: Nasceste em Braga, mas também tens nacionalidade brasileira. De onde vêm esses teus lados brasileiro e "tuga"?
TP: Sou filho de mãe brasileira e o meu lado português vem do meu Pai que é português .
ST: Depois de nasceres em Portugal, emigraste para o Brasil com a tua família. Qual foi a razão da saída do país?
TP: Na verdade, nasci em Portugal porque os meus pais (que já viviam no Brasil) vieram visitar a família a Portugal e acabei por nascer nesse período. Depois claro, meus pais voltaram para o Brasil e me levaram.
ST: Portuga é o teu apelido. O mesmo foi escolhido em honra a Portugal, ou trata-se apenas de uma coincidência?
TP: Por eu ser português , viver no Brasil e por sempre demonstrar o amor que tenho por Portugal, não é por acaso que tenho o brasão de Portugal tatuado no braço, (sorrisos) , e esse apelido acabou ficando.
ST: Sentes saudades do Brasil? Quais são as maiores recordações que tens do país? E como está a ser viver em Portugal?
TP: Sim sinto saudade principalmente dos meus pais. Minhas maiores recordações do Brasil são meus amigos, familiares e meu lar. Está sendo ótimo , sempre foi meu sonho voltar ao meu país de origem.
ST: Como surgiu o futebol na tua vida? Quando é que percebeste que o mesmo iria ser o teu futuro (emprego)?
TP: Surgiu ainda em pequeno (criança), como uma brincadeira entre amigos e começou a se tornar cada vez mais séria. Comecei a perceber quando assinei meu primeiro contrato profissional.
ST: Onde fizeste a tua formação? Como eram as condições?
TP: Minha formação foi no Gremio Barueri. Condições exelentes , um clube estruturado na época que me ajudou muito.
ST: Conseguias conciliar os estudos com o futebol?
TP: Sim, treinava de manha e de tarde e estudava á noite. Ainda fiz dois anos de faculdade no curso de contabilidade que pretendo um dia terminar. Os estudos para mim têm uma importância grande.
ST: Onde começaste então a tua carreira profissional? Como correu essa primeira experiência?
TP: A minha primeira experiência foi ainda com 17 anos no Grêmio Barueri onde assinei meu primeiro contrato profissional , e pude fazer parte do elenco profissional que manteve a permanência no Brasileirão Serie A em 2009. Para mim essa experiência foi uma das melhores da minha vida , estar ao lado das pessoas que hoje jogam em clubes grandes da Europa e do Brasil (como Fernandinho do Grémio, Ralf do Corinthians e Leandro Castan da Roma) não tem preço.
ST: Como surgiu a oportunidade de representar o CD Trofense? Como viste essa oportunidade e o que te levou a aceitar a mesma?
TP: Através do meu empresário em contato com o diretor Nuno Lima. Vi esta oportunidade como a realização de mais um sonho da minha vida, que era voltar ao meu país e representar uma equipe do mesmo.
ST: Quais são as grandes diferenças entre o futebol brasileiro e o português (desde formação, treinos, jogo jogado, adeptos, financeiramente etc..)?
TP: Em minha opinião há muitas diferenças. Aqui se trabalha muito a parte táctica, já no Brasil não tanto, temos o costume de treinar apenas um período por dia e no Brasil não é assim, os adeptos aqui são mais pacientes com os jogadores e mesmo se a equipe está em uma fase ruim estão lá a apoiar, ao contrário do Brasil .
ST: Porquê que o futebol brasileiro não tem a popularidade do futebol Europeu?
TP: A maioria dos jogadores Brasileiros tem o sonho de jogar na Europa, pois visam o dinheiro e a fama , então os grandes jogadores Brasileiros acabam por jogar na Europa e o público quer ver o futebol onde os craques estão e então acabam deixando o futebol brasileiro de lado para ver onde os grande jogadores estão.
ST: Tinhas o sonho de jogar na Europa? Portugal era o país da tua preferência?
TP: Sim como qualquer outro jogador no Brasil, porém Portugal sempre foi meu sonho!
ST: Voltando ao clube que representas neste momento, o Clube Desportivo Trofense. Na tua primeira temporada ao serviço do clube realizaste apenas 3 jogos oficiais pelo clube e depois contraís-te uma grave lesão que te obrigou a parar. Chegaste a pensar que era o fim (precoce) da linha para ti no CD Trofense e em Portugal, ou sentiste que o clube acreditava em ti e te daria uma nova oportunidade?
TP: Cheguei ao Trofense com uma grande expectativa, da minha parte e da parte do clube e infelizmente acabei tendo uma grave lesão. No começo fiquei chateado, pois confiavam e precisavam de mim, porém o mister Porfírio Amorim junto com sua comissão técnica e diretoria me depositou toda a confiança de que se não fosse naquela época seria nesta que iria lhe ajudar, mas nunca me passou pela cabeça que aquilo seria o fim.
ST: A tua adaptação ao futebol português foi complicada, ou nem por isso? Quais foram as maiores dificuldades que sentiste desde que chegaste a Portugal e ao futebol português?
TP: Nem por isso, apesar da minha posição ter um modo diferente de jogar da do Brasil, eu me adaptei fácil. Não tive muitas dificuldades , a maior delas foi a saudade dos meus pais e em relação ao futebol português foi o jogo em conjunto, que no Brasil a parte individual prevalece.
ST: Esta época és titular no CD Trofense, como te está a correr a mesma a nível pessoal?
TP: Estou a ser titular nesta época , mas sei que cada dia que passa tenho que provar que mereço estar jogando , em minha auto-analise tenho feito bons jogos pela equipe do Trofense , porém nossa equipe não está passando por uma boa fase.
TP: Temos que pensar mais como equipe, nos unirmos, sermos solidários e guerreiros dentro de campo para que possamos sair dessa situação.
ST: Nos jogos frente ao Benfica B, Marítimo B e Feirense a arbitragem foi muito contestada pelo CD Trofense. O que tens a dizer sobre as arbitragens em Portugal? Concordas que existem condicionamentos nas mesmas para prejudicarem/favoreceram certas equipas?
TP: Não só em Portugal como no mundo a arbitragem é um assunto polémico. Nesses jogos citados por vocês (blog Sou Trofense) o Trofense foi muito prejudicado pela arbitragem. Sim concordo, somos humanos e todos nós cometemos erros, porém existem erros que são inacreditáveis e a única explicação deles é o prejudicar ou o favorecer.
ST: Como avalias o Clube Desportivo Trofense a nível de condições (Academia de treino e Estádio)?
TP: Em termos de estrutura o Trofense é superior a muitos outros clubes da Segunda Liga. Temos um centro de treinamento em Paradela com ótimas condições e um ótimo Estádio.
ST: E como avalias os adeptos do clube?
TP: Um amor incrível pelo clube, que nós jogadores temos que respeitar e honrar a camisola que vestimos.
ST: E o que nos podes dizer sobre a direcção e o mister Porfírio Amorim e restante equipa técnica?
TP: O que posso dizer é que a direção e toda comissão técnica me ajudou bastante até agora e não me deixou faltar nada para poder fazer o meu trabalho.
ST: No que toca à equipa profissional, sentes união no grupo? Existe alguém com quem te dês melhor no plantel? Admiras alguém como jogador e pessoa dentro do mesmo?
TP: União nunca faltou em nossa equipe. Dou-me bem com todos, mas convivo mais com os Brasileiros. Admiro todos os jogadores do nosso elenco, porém tenho uma maior admiração pelo meu companheiro de posição Bruno Chuca , por mesmo não estar a jogar como titular da equipe vejo ele sempre a se dedicar cada dia nos treinamentos , e isso é a maior das coisas que admiro nele.
ST: Como avalias a cidade da Trofa? Qual a opinião que tens sobre a população da cidade?
TP: Uma cidade pequena , porém um sitio ótimo para morar. São pessoas super receptivas , me acolheram super bem e posso dizer que hoje me sinto em casa.
ST: E a 2ª Liga portuguesa, o que achas da mesma? O que achas que falta à competição para ter mais gente nos estádios e dar mais emoção à mesma?
TP: Vejo a segunda liga portuguesa como uma liga muito competitiva, para mim o que falta é as pessoas procurarem acompanhar a sua equipe qual seja o adversário, e posso falar como jogador, quando o estádio está um pouco mais cheio nos faz muito diferença dentro de campo.
ST: Acompanhas a 1ª Liga Portuguesa? Qual é a opinião que tens sobre a mesma?
TP: Sim acompanho e a mesma tem muitos jogadores com qualidade .
TP: Desejo jogar em uma equipe grande da Europa e poder realizar o maior sonho da minha vida que é representar a Seleção Nacional. Não pretendo jogar no Brasil , gostaria de fazer uma carreira aqui na Europa , mas para mim o futuro a Deus pertence , então nunca se sabe.
ST: Gostavas de continuar a representar o CD Trofense durante mais alguns anos?
TP: Tenho contrato com o Trofense até junho e pretendo cumpri-lo , depois disso vou reunir com meu empresário e com a direção do Trofense e tomar a decisão melhor para ambos.
ST: Diz-nos como te avalias. Quais são os teus maiores defeitos/qualidades e o que achas que tens de melhorar como futebolista?
TP: Na minha opinião existem coisas que posso melhorar como remates fora da área principalmente com o pé direito. Vejo como meu ponto forte, a marcação, o apoio ao ataque e o jogo de cabeça.
ST: Alguma vez pensaste em desistir de ser jogador profissional?
TP: Já pensei , porém lembrei do quanto meus pais lutaram para hoje eu estar aqui , por tudo que fizeram por mim e fazem. Foi daí que tirei forças para superar este pensamento de desistir.
ST: Se não fosses jogador profissional de futebol, que profissão gostarias de ter?
TP: Sinceramente não sei, ás vezes me pergunto se não fosse jogador da bola o que seria e não consigo responder.
ST: Se um dia tivesses convites para representar a selecção brasileira e a portuguesa...qual escolherias? E porquê?
TP: Sem dúvida nenhuma seria a Portuguesa, porque é meu grande sonho! Nasci em Portugal e fui para o Brasil ainda bebe e só voltei para cá em janeiro (de 2014). São 22 anos longe de onde eu nasci e representar minha origem não tem nada mais importante.
ST: Um jogo entre Portugal e Brasil é especial para ti, ou não passa de um jogo como os outros?
TP: Sim é especial , são os dois países da minha vida , porém a minha torcida é para Portugal.
ST: As selecções brasileira e portuguesa neste momento estão a passar por uma má fase (o Brasil está um pouco melhor...). Na tua opinião, qual é a razão dessas más fases? Como podem as mesmas reverter estas situações?
TP: Para mim as duas seleções estão passando por dificuldades, porém por diferentes motivos , Portugal por não acreditar e investir em jogadores do próprio país e acabar por contratar jogadores de outras nações em seus campeonatos nacionais , por isso acabam não formando grandes jogadores. Já o Brasil por acreditar que o talento individual vai ser superior ao trabalho em grupo.
ST: Tens algum jogador com o qual te identifiques e te sirva de exemplo?
TP: Sim, Fábio Coentrão, um grande jogador que serve-me como exemplo.
ST: Na tua opinião, quem é o melhor jogador do mundo neste momento?
TP: Cristiano Ronaldo.
TP: Pela parte positiva um jogo importante para mim foi contra o Braga B , minha família de Braga estava a assistir ao jogo e pude mostrar que posso ser um grande profissional da bola. Pela parte negativa um jogo triste para mim foi nosso primeiro jogo da liga contra o Benfica B , estávamos ganhando a partida e o árbitro marca um penalti que não cometi e em outro lance me expulsa injustamente .
ST: Qual o clube que mais gostarias de representar em Portugal? E no estrangeiro?
TP: Não tenho essa preferência, tenho sim vontade de jogar a primeira liga de Portugal, mas não tenho preferência.
ST: Que conselho deixas aos jovens jogadores que estão agora a dar os primeiros passos na sua carreira futebolística?
TP: Acreditem sempre, não deixem nada e ninguém atrapalhar o sonho de vocês, e dediquem-se ao máximo.
ST: Que palavras deixas aos sócios e simpatizantes do CD Trofense?
TP: Peço que continue nos apoiando em nosso estádio e onde formos, precisamos de vocês para sairmos desta situação.
ST: O que desejas para o futuro do clube (CD Trofense)?
TP: Desejo ver um o Trofense novamente na primeira liga.
Curiosidades:
Número preferido: 77.
Um livro que o tenha marcado: O Código da Vinci
Um filme que não esquece: Harry Potter.
Música ou cantor(a) preferido(a): Jorge e Mateus (todas as musicas).
Uma cor que goste: Azul Marinho.
O maior sonho: Representar a Selecção portuguesa.
Cidade que volta sempre: São Paulo.
A viagem que falta fazer: Disney.
Um herói: Meu Pai.
Jogador que mais admira: Cristiano Ronaldo.
Objecto de estimação: Telemóvel
Um ritual: Tenho muitos , sempre entro com o pé direito no relvado , rezo, agradeço , peço e faço uma oração antes dos jogos
Como ocupa os tempos livres: Shopping.
Um programa de TV preferido: Pânico na Band (Brasil).
Comida que não resiste: Pizza.
Legenda: ST: Sou Trofense, TP: Tiago Portuga
1 comentário:
grande entrevista, excelente jogador e pessoa
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