terça-feira, agosto 31, 2010

Academia de Talentos | Entrevista a Fábio Paim

 Fábio Paim foi entrevistado pelo Site Academia de Talentos


1ª Parte pode ver aqui

2ª Parte

Depois de na primeira parte da entrevista, FÁBIO PAIM nos ter revelado alguns pormenores sobre o seu início de carreira e sobre os vários anos que passou no Sporting Clube de Portugal, o jovem de 22 anos fala-nos agora de tudo o resto, isto é, toda a sua carreira desde que saiu de Alcochete rumo ao Olivais e Moscavide, ainda no seu segundo ano de júnior.

Nesta segunda e última parte da entrevista com a Academia de Talentos, FÁBIO PAIM revela como foram as suas presenças na selecção, entre elas alguns treinos com a selecção AA, de Scolari, além das suas passagens por Olivais e Moscavide, Trofense, Paços de Ferreira, Chelsea e o momento presente, no Real Sport Clube. A sua relação com o empresário Jorge Mendes e algumas curiosidades são também outros temas de relevo.



PRESENÇAS NAS SELECÇÕES 
Que memórias tens de ir à Selecção Distrital de Lisboa?
Muitos boas. O Torneio Lopes da Silva, outros em Aveiro, Coimbra, muito boas memórias.

Venceste o Lopes da Silva?
 .... (indeciso).

Lembras-te ao menos se ganhaste o troféu de melhor jogador?
Ganhei, ganhei (risos).

Como é que é possível não te lembrares se ganharam o torneio mas do troféu individual lembraste-te imediatamente?
(risos) não ganhámos não, perdemos 2-1 contra a equipa da AF Porto.

Uma selecção com o Rui Pedro
...Sim, e o Daniel Candeias, o Tiririca, do Braga, o UKRA acho que não estava.

Quando estavas na Selecção Distrital de Lisboa lembras-te de um senhor chamado Rosa Pereira?Lembro-me sim, perfeitamente.

Fizeste-lhe alguma promessa?......

Eu ainda hoje estive sentado ao lado dele a ver um jogo no Estoril  e quando lhe falei de ti, ele disse-me “quando falares hoje com o Paim diz-lhe que ainda estou à espera... da camisola da primeira internacionalização que ele me prometeu”.

Ah, da camisola, sim (risos).

Essa camisola foi nos Sub-16 nacionais. Seis anos depois, o que se passou com essa camisola que ele ainda está à espera de receber?
O problema é que nem eu sei onde ela está (risos).

Quando conheceste o Luiz Felipe Scolari pela primeira vez?
Quando tinha 17 anos, e fomos à selecção A fazer dois treinos.

Era comum os jogadores jovens do Sporting irem lá? Recordo-me de uma ocasião em 2006 em que o Bruno Matias, o Marco Matias e o Diogo Amado foram lá treinar ao Jamor, isso também aconteceu contigo?
 Sim, havia jogadores que não podiam treinar na selecção, e para fazer o jogo, eles chamavam, jogadores que precisavam para aquela posição, ou outros que ele conhecia e gostava de ver ao vivo, não era para jogar, mas para ver. Ele tinha um bom relacionamento com o Sporting.

Tens alguma história caricata do Mister Scolari que nos queiras contar?
Não, não tenho assim nada dele para contar. Era um treinador muito sério...

Mas ele até parece, como diz o Cristiano, um “tranquilão”.
Sim, é “tranquilão”, mas é um treinador muito rijo. Quando é para fazer as coisas tem de se fazer como ele quer e sem discussão.

Os treinos eram muito rijos?
Não eram muito. Na selecção não é muito puxado, faz-se uma coisinhas, mas não é muito. E no Chelsea também não podiam treinar muito, tinham jogos quase de três em três dias, e é impossível treinar no máximo. Só nas reservas é que era mais puxado (risos).

O teu percurso na selecção, começaste a ir nos Sub-16, quem foi o teu primeiro seleccionador?
 Foi o Mister Edgar Borges.

O primeiro jogo foi contra a França, como correu esse jogo?
Foi quando me aleijei. Correu bem mas foi quando me aleijei portanto não tive muita sorte.

Nos Sub-17 quem foi o teu treinador?
Ou foi ele (Edgar Borges) ou foi o Mister António Violante, se não me engano.

E nos Sub-18?
Foi o Mister Violante acho eu. Nos Sub-19... Ou o contrário, foi sempre o Violante e o Edgar Borges.

Já foste à Selecção Sub-21?
Sim, fui logo no primeiro jogo.

Quem era o treinador?
Era o mister Mister Rui Caçador.

Gostaste de trabalhar com ele?
Também é um Mister que não conheço assim muito bem.

E quando foi a última vez que foste chamado aos Sub-21?
Foi só essa vez.

E tens esperança de voltar a ser chamado para lá?
Claro, se jogar tenho sempre essa esperança. Acho que as selecções têm um quadro, mas depois podem entrar um ou outro que jogue bem. Eu acho que faço parte, sempre fui, se uma pessoa jogar e estiver bem, não é difícil lá voltar.

A PASSAGEM PARA O FUTEBOL SÉNIOR 
Quando saíste do Sporting para o Olivais e Moscavide, quem foi que te abordou para sendo ainda júnior tu ires jogar para o futebol sénior?
Eu já não me sentia muito bem na formação. E depois as coisas tomaram um caminho, se calhar com um pouco de mau ambiente também, ali temos de estar sempre com as regras, e eu já não me sentia muito bem e precisava se calhar de outra coisa. Não sei, se calhar precisava daquilo, se calhar não, mas não me arrependo das decisões que tomei.

Mas foi alguém que falou contigo do Sporting ou foste tu que fizeste uma força também para sair?
Sim, eu também fiz uma força para poder sair.

Com quem foste falar acerca disso?
Primeiro fui falar com o treinador, depois com o Jean-Paul, e depois fui para lá. O Bruno Pereirinha veio e abriu-se lá uma vaga.

Quem te falou da possibilidade do Olivais e Moscavide, foste tu que falaste no clube?
Não, foi porque na altura era o clube satélite do Sporting.

O que achaste das condições dos balneários do Olivais e Moscavide?
É bom para nós crescermos (risos) Estava habituado à aguinha boa, com dez chuveiros... Ali só tinham dois e com uma meia pendurada para a água cair direita (risos).

Os segredos do balneário do Olivais e Moscavide revelados por Fábio Paim...
Não (risos), mas tínhamos tudo, todas as condições necessárias.

Quando saíste do Olivais e Moscavide foste para o Trofense. Como foi essa experiência?
Fantástica. Não conhecia nada deles, nem sabia o que era o Trofense...

Não te lembraste de dizer isso quando lá chegaste pois não?
Não (risos), mas eles sabiam. O Trofense, não conhecia. Quando cheguei lá é que vi que era fantástico, aquilo é um clube para estar na Primeira Liga. As pessoas, o presidente, na altura, o Mister Toninha, adorei, amei aquilo.

A meio da época estavas a jogar bem no Trofense e deste um salto para o Paços de Ferreira...
Era a Primeira Liga, arrisquei mas escolhi mal. Também gostei muito de estar no Paços de Ferreira, foi diferente, conheci muitas pessoas, fiz muitos amigos, ainda hoje dois dos melhores amigos que tenho, que são o Dedé e o Renato Queiroz, jogadores do Paços na altura, e adorei trabalhar com o Mister José Mota. Falavam de como ele era, mas quando cheguei lá, foi espectacular, convocava-me quase sempre, entrei em alguns jogos e acho que não foi assim tão mau.

Chegaste a ir à loja dele? À MotaSports?
Fui, sim (risos) Fui lá, eu queria comprar calções térmicos e fui à loja do Mister.

Ele fez-te um desconto ao menos?
Achas? (risos) Desconto... tive que pagar tudo.

Mas foi ele que te disse para lá ires?
Sim, foi ele, que disse “vem lá à minha loja que eu tenho lá isso”.

Convidou-te para ires ao estabelecimento dele e depois nem um desconto te fez?
Um desconto... era bom era.

Em retrospectiva, teria sido melhor ficares na Liga Vitalis e no Trofense para puderes jogar com maior assiduidade e depois mais tarde dar o salto? Porque no Paços de Ferreira não jogaste regularmente.
Uma pessoa quer sempre mais, e aquilo era uma oportunidade de jogar na Primeira Liga. Arrependo-me e ao mesmo tempo não me arrependo. Se calhar ficava no Trofense, tinha subido de divisão, tinha aquela emoção de subir uma equipa. Acho que fizeram tudo para subir, mas nunca pensámos que o Trofense podia subir. Estive lá e vi que aquele clube tem de estar na Primeira Liga.

Disseste uma vez numa entrevista que no Norte te controlavam mais. O que achaste da cultura nortenha comparada com a sulista?
É diferente sim. Lá as pessoas são mais abertas, apoiam mais, se dermos tudo o que temos de nós, e formos pessoas de bem com eles, eles também nos dão tudo. Mas se não fizermos as coisas como eles querem, também é complicado. Se calhar foi por causa disso que eu também me dei melhor lá do que nos sítios que estive aqui, porque as pessoas são diferentes. Ainda hoje muitas pessoas lá, em blogues do Trofense, as pessoas ainda falam, e eu vou sempre ver como está o Trofense, e mesmo no estádio, na rua, as pessoas gostavam muito de mim. É diferente daqui, em Lisboa anda tudo muito “stressado” (risos).

Quem foi a pessoa responsável por te colocar no Trofense, foi o Carlos Freitas?
Foi o meu empresário, o Sr. Jorge, que me disse que tinha o Trofense interessado em mim, que era uma equipa boa, para jogar. Depois falei com o Mister Toni, ele falou comigo, explicou-me, disse-me que me queria ajudar, e que era uma boa oportunidade para mim, que ia lutar para subir. Aceitei logo, deram tudo, condições, o director era o Sr. Ramos, ainda hoje falo muito com ele, é como digo, é um clube que deixa muitas saudades.

Quando foste para o Trofense, o teu empresário foi ter contigo para te falar nisso, não houve outras probabilidades de outros clubes?
Que eu soubesse e que me tivessem dito não, mas acho que era a melhor opção na altura.

E quando saíste para o Paços de Ferreira havia outras possibilidades?
Penso que sim, foi das minhas melhores alturas.

Mas havia outros clubes interessados?
Equipas de fora, se calhar, havia sempre, porque lá estavam sempre muitas equipas e muitas pessoas a ver os jogos. Mas falou-se disso, eu estava na selecção e foi lá o treinador-adjunto ver o jogo, eles gostaram. E um dos extremos também, o Edson, estava na selecção, na CAN, e faltavam jogadores, por isso para mim também foi bom e aceitei logo.

Depois do Paços de Ferreira foste para o Chelsea?
Sim.

Eu penso que é justo dizer-se que ninguém estava à espera que tu fosses para lá...
Nem eu, estava a treinar à parte. Eu já conhecia o Scolari, mas temos de compreender. Foi também ajuda do meu empresário, eu estava a treinar à parte, estava com o Varela, no Sporting e no entanto surgiu isso, e eu não podia dizer que não. Apeteceu-me... (risos). Estás a treinar à parte e dizem-te que vais para o Chelsea, quem pode dizer que não a esse proposta?

Quando chegaste nessa altura ao Chelsea, estava lá o Fábio Ferreira e o Ricardo Fernandes, eles foram importantes para a tua adaptação?
Sim, eles falavam muito bem inglês, estavam lá já há três ou quatro anos e foi muito bom encontrá-los lá. Depois estavam também os outros portugueses, que também já conhecia, como o Deco ou o Bosingwa, e foi bom para mim, foi uma experiência muito positiva.

E o futebol inglês é mesmo muito exigente como se diz?
 Sim, é mesmo muito.

Quais foram as maiores dificuldades sentidas?
O frio que se fazia sentir, o futebol é muito rápido, é diferente.

Nas reservas jogaste com alguns jogadores bem cotados como o Fabio Borini, que agora está quase a entrar na equipa principal. Tens algumas recordações dele ou de outros jovens que na altura já eram vistos como jovens promessas?
Lembro-me do primeiro jogo que ele fez na nossa equipa. Fez dois golos, para ver como é o futebol, eu nunca pensei que ele conseguisse chegar à equipa principal do Chelsea, há lá outros valores. Há um, que jogou depois contra o Sporting, na Liga dos Campeões, um loirinho, baixinho...

Miroslav Stoch?
Sim, esse mesmo. Depois tinha também o SCOTT SINCLAIR, esses eram os jogadores que davam mais nas vistas. Depois havia o Michael Mancienne, defesa-central, mas o Fabio nunca pensei que podia lá chegar, bom jogador, mas nem sabia que estava para subir agora.

Muitas vezes os adeptos colocam o nome Fábio Paim na Internet e aparecem muitas imagens do Michael Mancienne...
Sim, muitas vezes aparece sim (risos), somos ambos negros e temos trancinhas.

E chegaste a jogar com o Didier Drogba? Como foi essa experiência?
Sim, contra o Arsenal. Começamos a habituar-nos rápido, a nossa equipa das reservas era quase como a principal, lá esta equipa serve um pouco para quando os jogadores da equipa principal estão aleijados ou não estão a jogar poderem lá ir e ganhar um pouco de ritmo. Mas ele é uma pessoa espectacular, apesar de ser quem é, era uma pessoa “dez estrelas”.

Ficaste no Chelsea pouco tempo também...
Sim, apenas seis meses.

E porque saíste depois?
Queria jogar. Lá nas reservas não havia competição, havia só jogos às vezes, alguns amigáveis. E depois quando vinha à selecção sentia que não estava igual, que estava sem ritmo, e decidi falar para vir embora. Mas depois quando cheguei cá também não consegui ser inscrito.

Ainda foste treinar à Rússia nesse ano.
Sim, estive lá com o Mariano Barreto.

Como foi esse período lá?Fui lá treinar, ver como era aquilo, o Mister Mariano quis que eu fosse lá. Mas depois quando cheguei disseram que havia excessos de estrangeiros. Dois ou três jogadores tinham-se lesionado e tiveram de ir buscar outros jogadores para essas posições...

O Professor Mariano Barreto ajudou-te muito?
Sim, ele foi espectacular. É uma pessoa que está sempre disponível para ajudar, muito boa pessoa. Andava sempre lá comigo, foi bom.

Vieste então treinar para o Estoril. Como reagiste a essa fase em que não podias competir?
Reagi bem, estava um pouco chateado, porque com a minha idade se não gostar de jogar, quando é que vou gostar? Mas já passou, agora é pensar no futuro.

No Verão chegou-se a falar de alguns clubes, mas acabaste por ir para o Real Sport Clube já no fecho das inscrições...
Foi como o Sporting quis, tive de esperar, e fui mesmo no último dia, foi quando eles decidiram.

Na altura, soubeste de alguns clubes que estavam também interessados no teu concurso?
Não, não sabia de nada, mas o meu empresário esteve sempre a tratar disso.

E como foste depois recebido em Massamá?
Muito bem, estão lá oito jogadores do Sporting, estou quase em casa (risos). Mas é uma equipa muito boa, muito boas pessoas e uma equipa muito forte.

Depois de passares pela Primeira Liga, Liga Vitalis, Inglaterra, como foi agora ires para uma II Divisão?
Passei por tudo (risos). Tinha de ser. Acho que é melhor estar ali, poder competir e conhecer aquele campeonato, do que estar no Sporting e não jogar, estar a treinar sozinho. Acho que é melhor estar ali, sem dúvida.

Os teus colegas do Sporting que estão no Real, também facilitaram a tua integração o facto de eles estarem lá?
Sim, muito, aquilo é quase uma família.

Dos outros jogadores tens algum que queiras destacar também?
São todos dez estrelas. Posso destacar o Elves, o Bruno, jogadores mais velhos, o Aílton, o Miguel, capitão, são pessoas que eu acho e demonstram que me querem ajudar e que posso contar com eles. Agora não tenho jogado muito, tem sido para mim complicado também estar parado, mas é preciso continuar a trabalhar e dar a volta, que eles também merecem.

E com o Mister Filipe Ramos, como é ele enquanto treinador?
É um treinador com ideia próprias, que gosta das coisas como ele quer e que como treinador é igual a como era quando era jogador. Muita raça, vibra muito com aquilo e gosta muito do que faz. É um treinador que pode chegar onde deseja, porque tem muita qualidade.

Este ano também voltaste a vestir a camisola do Sporting, na Liga Intercalar. Como foi esse regresso?
Foi bom, para ganhar ritmo, foi o ideal.

Essa iniciativa de jogares na intercalar partiu do Sporting?
Sim, sou jogador do Sporting, eles precisavam de mim, e para mim também é sempre bom poder acumular minutos de jogo.

Tiveste então oportunidade de trabalhar com o Mister Lima, o que achaste dele?
Eu ainda trabalhei com ele nos juniores, quando ele chegou. Estive algum tempo com ele, só saí mais tarde. É um bom treinador, não posso falar muito porque não o conheço muito bem.
A RELAÇÃO COM JORGE MENDES 
Falaste do Ricardo Quaresma, jogador com o qual te identificas mais do que com o Cristiano Ronaldo? Porquê?
Falamos muito quando nos encontramos, já quando ele estava nos seniores e eu na formação falávamos muito, é um bom amigo.

Mas têm gostos semelhantes, roupa, "artilharias" (joalharia)?
Se calhar, um bocadinho por causa disso (risos).

Esse teu boné é muito festivo, está cheio de "bling bling"...

Tem que ser, tem que ser (risos).

Estou a ser irónico, basta olhar e vê-se logo que sim... Disseste há uns tempos “não me agrada muito a situação actual. Tenho 21 anos e queria estar num patamar diferente. Mas não tive muitas ajudas, só ajudas negativas”. O que querias dizer com isso, quem te tem prejudicado?
 As pessoas que não querem o meu bem, há muitas. As pessoas não estão felizes porque se calhar cheguei onde cheguei, porque tenho aquilo que tenho, para algumas pessoas isso é mau, mas há pessoas que falam de mim e nem sabem como eu sou, não me conhecem, falam porque têm de dizer qualquer coisa. E depois quando dizem é só porcaria, e no futebol tudo passa muito rápido, e eu acho que é isso. Mas sou forte, e vou conseguir dar a volta por cima.

Mas quando essas pessoas que falam de ti e não te conhecem, estás a pensar em quem? Pais de outros jogadores, coisas desse género?
Não sei, um pouco de tudo.

Quem é o teu empresário actualmente?
 É o Jorge Mendes.

Como podes descrever a influência dele na tua carreira?
Muito, muito boa. Como tudo, como empresário, como amigo, tem-me ajudado o máximo que pode, tem feito tudo por mim. Se há pessoa a quem tenho de agradecer é a ele, as pessoas dizem que ele só liga aos jogadores que estão lá em cima, mas é uma pessoa muito humana, e falo por mim, sempre me ajudou em tudo. Ainda hoje me liga, a perguntar como estou, se preciso de alguma coisa, é espectacular.

Lembras-te da primeira vez que o conheceste?
Lembro, sim. A primeira vez se não me engano foi no Porto, quando fui lá assinar com ele.

Que idade tinhas?
Tinha 18 ou 19 anos se não me engano.

Mas alguém te abordou, um olheiro dele, um adjunto?
Sim, umas pessoas que trabalham para ele, e a partir daí fez-se tudo.

Qual foi a primeira conversa que tiveste com ele, o que foi que ele te disse?
Disse que me tinha visto a jogar uma vez, e que tinha gostado muito, e que me queria ajudar mas que para isso eu também tinha que me ajudar a mim próprio, tinha de trabalhar muito. Ele podia-me ajudar mas eu também tinha de o fazer e foi sempre assim, ainda hoje diz a mesma coisa. Apesar de ele ter influência em todo o lado.

Assinaste contrato profissional com o Sporting aos 17 anos, mas antes disso já tinhas contrato de formação. Li algures quanto ganhavas por essa altura, mas era um montante não muito elevado...(risos) Eram 500 euros por mês.

Nessa altura já tinhas carro, apartamento, etc. Não era seguramente o Sporting que te dava isso. Era o Jorge Mendes?
(risos) Não... Ele pôs-me a viver numa casa, no Estoril. E depois assinei o contrato profissional e com o meu dinheiro comprei o carro, era uma coisa que eu já queria fazer há muito tempo, e também comecei a fazer coisas que antes não podia fazer. Acho que é normal, toda a gente faria isso.

Que coisas por exemplo?
Carros, roupas, brincos, coisas para a casa. Ajudar em casa, sofás, tudo...

Sofás de cabedal negro ou de veludo?
Tudo, se calhar fazias o mesmo, se tivesses a minha idade, acho que toda a gente fazia isso, coisas normais. Nem é preciso dizer.

Assinaste aos 17 anos mas antes disso, o Jorge Mendes já te tinha alugado uma casa. Que idade tinhas quando ele te arranjou essa casa?
Tinha uns 17 anos, foi mesmo antes de assinar.

Antes disso então não tinhas o apartamento, nem o carro, nem nada desse género?
Não, estava a viver com a minha mãe e com os meus irmãos.

As pessoas estão sempre a contar aquelas histórias de que o Paim chegava aos iniciados a guiar este e aquele bólide, e eu questionava-me como tu conseguias ir para os jogos sem carta de condução...
Isso é o que as pessoas dizem. Mas eu comprei carro quando ainda não tinha carta (risos).

Quando a polícia ler isto estás tramado...
(risos) Não tinha carta ainda, mas no entanto o Jorge Mendes pedia às pessoas da Academia para me tirar as chaves do carro enquanto eu não tivesse carta, mas passado uma semana apresentei a carta.

Conseguiste tirar à primeira? Aposto que chumbaste no exame de código 3 vezes.
Sim, claro que tirei, fui esperto (risos).

O que é que achas destas pessoas que dizem que quem te prejudicou foi o Jorge Mendes, que te deu demasiadas coisas demasiado cedo?
Acho que ele não me deu nada. Se dar carinho e dar atenção, se é isso que as pessoas dizem... As pessoas falam de casas, carros, mas isso aí, ele deu-me quando assinei o contrato, mas isso fui eu que fiz, acho que ele não consegue tirar uma pessoa da barriga e assinar um contrato, acho eu. Eu estava bem, jogava bem, o Sporting queria, e ele como meu empresário quis o melhor para mim. As pessoas que dizem isso são maldosas, isso aí há-de haver sempre alguém a dizer mal de mim e de quem me apoia.

Estás agora num clube onde não estás ainda a jogar. O Jorge Mendes tem sido um bom apoio?
Sim, sim.

Podias dar um exemplo de algo que ele te diga para te dar ânimo, para te dar moral?
Eu liguei-lhe, triste, porque não tinha sido convocado, neste jogo contra o Igreja Nova. E ele disse que agora é que eu tenho de ver o que quero, e que tenho de ser forte. Se não conseguir jogar aqui, o que vão começar a dizer as pessoas? E com toda a razão, estou ali e não jogo, começam a desacreditar... É o normal. Ele disse que eu tinha de ser forte, continuar a trabalhar e não desistir, porque mais tarde ou mais cedo penso que as coisas vão acontecer.

Vamos supor que acabas o contrato, o Sporting não renova contigo, ele já te deu algumas perspectivas para o teu futuro?
Não, ainda não. Agora é ver no que vai dar, e depois mais para o fim pensamos nisso. Ainda não posso pensar nisso agora.

Mas estás tranquilo em relação ao teu futuro?
Sim, penso que sim, tenho 21 anos, penso que algumas coisas vão surgir, se não renovar.

AINDA O SPORTING 
Lembras-te do Januário Jesus?
Sim, está no Braga. Lembro-me perfeitamente dele.

Podes-nos contar algumas histórias do “Janu”?
O “Janu” é algarvio, tem as suas paragens (risos). Mas é um miúdo com muita qualidade, depois não sei o que se passou ao certo lá, e acho que tem tudo para ser um bom jogador.

A razão porque te perguntei pelo Januário é a seguinte: qual de vocês os dois conduz melhor?
 Não sei, ele na altura não tinha carta...

Pois, é aí que eu quero chegar, diziam que supostamente ele também sem carta de condução pegava no carro e conduzia para a frente e para trás a acelerar naquela recta da Academia...
Não sei, nunca soube disso (risos).

E o Sebastião Nogueira, conduz bem?
O Sebastião conduz sim. O “Sebinhas” (risos). Esse é que é o fã do Cristiano.

O que te lembras do Pedro Mil-Homens, o director da Academia?
Também é uma pessoa que não tenho muito conhecimento, não é uma pessoa com quem eu falava muito, agora falo um pouco mais.

Então e do que falavam?
Da vida, para ver se conseguimos encaminhar as coisas bem e ver se há possibilidades de fazer alguma coisa.

Ele dá-te conselhos específicos?
Não, diz que tenho de trabalhar, jogar, fazer as coisas bem, o que o Mister quer, as coisas normais.

Ele tem ido lá aos teus jogos do Real...
Sim, sim, tem ido.

O que nos podes dizer do Diogo Rosado? Um pouco à tua imagem, é também uma grande esperança do Sporting e agora está no mesmo clube que tu.
É também um jogador que precisa da oportunidade dele. Tenho a certeza de que se o meterem a jogar ele vai conseguir vingar e vai  ajudar muito o Sporting, pois é um jogador com muita qualidade.

Já viste jogar o Rabiu Ibrahim?
Já, treinei com ele, quando estava na Academia, quando voltei. É um jogador muito forte também, muito bom jogador.

E o Wilson Eduardo?
WILSON EDUARDO também é muito forte, é um jogador muito rápido.

De todos os jogadores que estão ali emprestados, o André Martins é o que tem jogado com mais regularidade.
Com mais regularidade e muito bem.

O que achas dele enquanto jogador e como pessoa?
Como pessoa é mesmo um excelente miúdo. Como jogador, vi-o jogar na formação, mas ali é diferente. É um jogador de quem o Mister gosta, e logo aí é meio caminho andado, mas acho que está a merecer, está muito bem.

Quando conheceste o Pedro Mil-Homens, ele falava muito na vida escolar?
Sim, sempre. Na Academia era a primeira coisa que ele falava era isso. Até parecia que ali era para tirar um curso na Academia. A escola estava primeiro, e o futebol só depois, mas a escola para eles estava sempre acima de tudo.

Qual é a tua escolaridade?
O sétimo ano.

Existe uma lenda na Academia, de que quando o Fábio Paim conseguiu tirar o sétimo ano houve uma grande festa para celebrar...Não, não (risos). Eu tirei quando fizeram um curso de computadores, eu, o Yannick Djaló, o José Semedo...

Deduzo que quem leccionava essas aulas de informática era o Prof. José Manuel Torcato ou o Mister João Alves?
O Torcato? Não o vi nas aulas (risos). Mas também éramos quase obrigados a passar não é, as aulas eram na Academia, por isso tinha mesmo que me esforçar.

O Pedro Mil-Homens apertava muito contigo?
Sim, sim, muito.

Dá só um exemplo do que ele dizia, dessas chamadas de atenção?
Dizia o que se calhar a minha mãe também me diz. Que se calhar o futebol podia não dar, que tínhamos de estudar para ter um emprego, que o jogador também tinha de estudar para saber falar bem, tudo isso.

Ele costumava ir com vocês a alguns jogos fora?
Não.

Alguma vez andou no autocarro com vocês?
Que eu me lembre não.

GOSTOS E CURIOSIDADES   
Como anda o Coaster?
(risos) Está grande...

Quantos anos tem ele agora?
Se não me engano três ou quatro...

E que raça é ele?
Pitbull Terrier.

Enquanto extremo gostas mais de jogar à direita ou à esquerda?
Nos dois.

Pé dominante?
O direito.

Mas também te sentes muito confortável com o esquerdo não é assim?
Não, mas com o tempo e hoje em dia já sabemos ir para dentro e enganar. Com o tempo vamos evoluindo e as coisas saem naturalmente.

Qual é a tua posição preferida?
Extremo. Direito ou esquerdo, tanto faz, totalmente indiferente.

É verdade que antigamente tinhas a alcunha de Romário de Alcoitão?
Sim, foi uma alcunha que um senhor de lá me colocou. Nós íamos sempre lá jogar à bola com ele, ele tinha quatro filhos e eu não tinha nada para fazer e ia jogar com eles, e foi ele que me pôs essa alcunha, porque eu era baixinho, jogava assim já. Começaram a tratar-me assim.

E tiveste mais alguma alcunha?
Não, agora só a minha mesmo, Paim.

O que representa para ti o Ronaldinho Gaúcho? Houve uma altura em que dizias que ele era um ídolo para ti...
Sem dúvida, e ainda continua a ser, apesar de já não estar tão bem (risos) como dantes mas para mim, ele e o Ronaldo, o Fenómeno, são os melhores de sempre.

São os teus ídolos máximos o Ronaldinho e o Fenómeno?
Sim, para mim sim. O Cristiano agora também está bem, é português e merece tudo o que tem conseguido. Mas para mim sim, ainda são os melhores de sempre. É discutível.

Tens algum clube de sonho?
O Barcelona.

Porque quando eras jovem o Barça atravessava um bom momento?
Estava lá o Fenómeno. Estava lá o “rei” eu tinha que gostar (risos).

De todos estes clubes onde estiveste no futebol sénior, onde é que os treinos eram mais intensos, quem era o treinador mais “durão”?
 Era diferente, mas no Paços de Ferreira e no Olivais e Moscavide, eram puxados os treinos, eram bastante puxadinhos. E agora também...

Se te perguntar o melhor treinador, vais responder o Filipe Ramos, estou mesmo a ver...
Não, cada um tem a sua maneira de trabalhar.

Qual é o carro que conduzes actualmente?
 Um BMW 645.

Só tens um ou tens mais carros?
Não, só tenho este.

Qual é o teu carro de sonho?
Um Lamborghini ou um Audi R8.

Qual a marca de roupa que gostas mais?
Takesh.

Vamos supor por um momento que não podias seguir a carreira de futebolista. Se tivesses de escolher uma profissão, o que tinhas em mente para o teu futuro? Ser professor de gramática no secundário?
Gostava de cantar mas não tenho jeito nenhum (risos). É das coisas que mais gosto, é de música, mas não são os cantores daqui, prefiro os de lá de fora.

Então quem são os teus cantores favoritos?
Gosto muito do Nelly, do Akon. Lil Wayne, Jay-Z algumas músicas, Puff Daddy algumas também.

O Nelly é aquele que tem sistematicamente um penso rápido na cara?
É (risos), ele deve ser azelha a fazer a barba.

Cantoras?
Beyoncé, gosto da Beyoncé.

E sem ser pela voz?
Beyoncé (risos).

Actores e actrizes favoritos?
Não tenho assim grande actrizes de que gosto muito. Esqueci-me há pouco, gosto muito de Michael Jackson também. E não gosto de José Cid...

Não gostas de José Cid? Por alguma razão em especial?
Um homem que tira uma foto todo despido e com um CD à frente... (risos).

Do Toy gostas? Tens ar disso... (risos).
Não aprecio muito, mas tem uma carreira bonita.

E do Quim Barreiros?
Não gosto assim muito, mas gosto sim.

E do Boss AC?
Gosto, gosto.

E da Ana Malhoa?
Também.

E o que é que gostas mais nela?
(risos) Aquilo que todos os homens gostam nela, não é (risos)?

Filmes que foste ver recentemente?
 Gostei do "Squirls".

Que raio é isso?
Esquilos, é um filme animado sobre esquilos. O filme novo que saiu de desenhos animados.

E além desse?
Foi ver um de terror, também. Um que se passa todo num quarto, em casa. Não me lembro do nome do filme.

Como anda a tua vida amorosa? Lembro-me que tinhas uma namorada...
Tenho sim.

Ainda é a mesma?
Sim, é.

Como se chama essa Sra? Essa Princesa Paim.
Patrícia.

Olhando para estes últimos anos, na tua carreira de sénior, quais foram os melhores momentos e os menos bons?
Para mim os melhores momentos foram no Trofense e no Paços de Ferreira. Os menos positivos foi quando não estive a jogar, quando cheguei agora de Londres e não joguei.

Para aqueles que estão a começar agora no futebol, para além do talento, o que achas que é essencial também para um miúdo se tornar num bom jogador de futebol?
Sorte, muita sorte, e que trabalhem sempre bem, para não poderem apontar-lhes que os outros são mais profissionais. Quem trabalha, mais cedo ou mais tarde, vai ter sempre a sua oportunidade.

Quando eras jovem, há sempre aquela questão dos pais dos jogadores, que andam sempre a dizer mal do colega do filho...
Sim, isso é o normal. Sempre fiz a minha vida e nunca liguei muito a isso.

Dizem que gostas muito de pregar partidas às pessoas, é verdade?
Sim, quando posso...

Conta lá algumas? E não vale falares da que me pregaste a mim...
(risos) Era dessa que eu ia falar. Conta lá.

Foi no Jamor em 2007, tinhas mudado de Tlm e deste-me o teu novo contacto só que o número era o do Jean-Paul e eu andava a insistir com ele e chamava-lhe "Paim" nos SMS.

Essa foi boa (risos).

Pregaste alguma partida a algum treinador?
Não, nada assim de especial. Algumas assim entre amigos, mas nada de especial.

Em relação aos teus anos de seniores, há alguma coisa que agora, com mais maturidade, não fazias?
Sim, se calhar não falar tanto... Sou uma pessoa muito aberta, no balneário falo muito, e se calhar isso às vezes prejudica-me. É a tal coisa, há pessoas que na frente são uma coisa, e se calhar ouvem aqui e depois vão dizer ao treinador, que é para não sentir que estão ameaçadas. Essas coisas que eu não pensava que existiam, mas cada vez mais estou a ver que tenho que ter cuidado...

Eles ouvem-te dizer “Ontem fui a uma discoteca mas não digas nada ao Mister” e eles vão dizer?Sim, desse género, e eles depois dizem.



Entrevista realizada no dia 27 de Dezembro de 2009, no Hotel Atlantis, Alcabideche.
Texto: André Carreira de Figueiredo e Nuno Valente
Imagens: Academia de Talentos.

5 comentários:

Anónimo disse...

o que isto tem a ver??

Unknown disse...

o que isto tem a ver?
é uma entrevista que o blog decidiu colocar

Anónimo disse...

como ele já não joga cá só isso

Unknown disse...

Não joga mas já jogou.
é um exemplo para aqueles jogadores que por fazerem um ou dois jogos bons já se julgam os donos do mundo.
Nada se faz sem Trabalho,Dedicação e Humildade...

Anónimo disse...

toda a razão! acho agr ta na 3ª divisão