sábado, novembro 21, 2015

MaisFutebol | Trofense: histórias de balneário para atacar a Académica

Tiago (40 anos) e Hélder Sousa (38) contam ao Maisfutebol episódios de carreiras longas e marcantes. E no sábado é para eliminar a Briosa

 por Armanda Cunha

O sorteio da IV Eliminatória da Taça de Portugal ordenou a visita da Académica à Trofa.

O clube nortenho esteve há poucos anos na I Liga, mas compete nesta altura no Campeonato de Portugal. Condenados à partida?

Não, na Trofa existem trunfos. Apesar de ter uma equipa bastante jovem, o treinador Vítor Oliveira tem, pelo menos, um mestre experiente para cada posição.

Desde a inauguração do Estádio do Dragão ao jogo dos quartos-de-final da Liga dos Campões, contra o Real Madrid de José Mourinho, o Trofense tem um plantel com rostos que já vimos em grandes palcos e altos voos.

- Jorge Baptista (guarda-redes, 38 anos): Estoril Praia, Gil Vicente, Leixões e Naval;
- João Pedro (defesa, 35 anos): juniores do FC Porto, Estoril Praia, Gil Vicente, Ethnikos Achnas (Chipre) e Penafiel;
- Tiago (médio defensivo, 40 anos): Benfica, FC Porto, Boavista, União de Leiria, Rayo Vallecano e Tenerife;
- Hélder Sousa (médio, 38 anos): Sp. Braga, Olympiakos Nicósia e APOEL;
- Hugo Moreira (avançado, 33 anos): FC Porto B, Oliveirense e Leixões;

É no meio campo que se concentram as maiores atenções. Tiago e Hélder Sousa, dois dos mais velhos, tiveram uma carreira atribulada, mas passaram por momentos que não esquecem.

Tiago: «Há 12 anos já se percebia que Messi tinha qualidade» 

Desde a oportunidade de lidar com José Mourinho à estreia de Lionel Messi pelo Barcelona, os médios do Trofense carregam um portefólio de memórias que muitos devem invejar.

Tiago César Moreira Pereira, na época 2002/03 somou 35 jogos ao serviço do FC Porto, num total de 1536 minutos com a camisola dos dragões e conquistou tudo: a Taça UEFA, a Liga Portuguesa, a Taça de Portugal e a Supertaça Cândido de Oliveira.

Memórias não faltam, de facto, e entre elas está ainda a inauguração do Estádio do Dragão, que até completou 12 anos esta semana, num amigável frente ao Barcelona com direito a presenciar a estreia de Lionel Messi.

«Lembro-me perfeitamente! Quem me recordou, na segunda-feira, que o Estádio tinha sido inaugurado há 12 anos e que joguei com o Messi, foi a minha filha, através do facebook. Mas lembro-me, são momentos que marcam, com uma grande equipa como o Barcelona», contou ao Maisfutebol.

Para a filha, «é um orgulho», afirma. E confessa que ela fala mais no assunto do que ele. Também se lembra do Messi, claro. «Na altura era desconhecido, mas notava-se, apesar da idade, que tinha muita qualidade».

Foram «momentos inesquecíveis», mas agora está no Trofense, onde se sente bem e motivado, mesmo aos 40 anos, e confessa até que, se não fosse o clube da sua terra, já tinha pendurado as chuteiras.

«Quando cheguei aqui só tencionava jogar mais duas ou três épocas. Mas a minha condição física e a minha motivação levaram-me a continuar. E também por ser o clube da minha terra. Se não fosse, já tinha deixado o futebol».

Sete anos depois, continua a representar as cores do Trofense e acha que no final desta época vai mesmo sair do ativo. Antes disso, bem antes disso, sábado é dia de jogo da Taça de Portugal, com a Académica.

«Todos nós ambicionávamos um clube grande. Em termos desportivos e financeiros seria bom, até porque passámos por algumas dificuldades neste momento. Mas vai ser bom na mesma, temos uma equipa muito jovem e este jogo pode ser uma boa montra para eles», disse.

Em termos táticos e técnicos, Tiago confessa que o Trofense não tem muitos trunfos, mas que a força da equipa e o facto de não existirem individualidades podem ser bons aliados para «a vontade, o querer e a ambição».

Hélder Sousa: «No APOEL surpreendeu-me a visita do Mourinho» 

A Hélder Sousa, a sorte nem sempre sorriu. Em 2012/13 esteve no APOEL, clube do qual também guarda boas memórias, mas na mesma época deixou o Chipre para representar o emblema da Trofa.

Começou a jogar futebol profissional no Trofense, foi para o Braga, voltou ao Trofense em 2009/10, seguiu na época seguinte para o Olympiakos Nicósia e depois para o APOEL, onde acabou por ter de sair, já com 35 anos, porque havia «limite de inscrições para estrangeiros».

Hélder Sousa saiu e tinha garantido que só sairia para Portugal e, consequentemente, para o Trofense. Queria estar perto da sua filha que acabara de nascer. E assim foi.

Voltou para a Trofa em 2012/13, mas na época anterior, ainda no APOEL, fez o jogo mais importante da sua carreira.

A primeira mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, frente ao Real Madrid de José Mourinho, Cristiano Ronaldo, Ricardo Carvalho, Pepe e Fábio Coentrão.

«Foi um jogo que parou o país (Chipre), tínhamos do outro lado o melhor jogador do mundo e o melhor treinador do mundo», disse. Nesse ano, O APOEL de Hélder Sousa, Paulo Jorge, Nuno Morais e Hélio Pinto vinha do play-off da Champions e chegou até aos quartos-de-final. Motivo para receber uma visita especial.

«O Mourinho veio falar connosco ao hotel. A iniciativa dele foi positiva, veio falar com os portugueses e saber como estávamos e se era um bom clube. Isso, por acaso, surpreendeu-me», confessou.

O APOEL não teve sorte, perdeu na primeira mão por 3-0 e acabou por ser eliminado. Hélder Sousa espera que o mesmo não aconteça amanhã, com a Académica, num jogo que traz «mais motivação», afirmando que a equipa tem apenas a «responsabilidade de fazer aquilo que faz nos treinos».

Aos 38 anos não sabe quando vai deixar de jogar, nem pensa muito nisso. Sente-se bem e enquanto assim for tenciona continuar.

Quanto à próxima fase, Hélder Sousa e Tiago têm a mesma ideia. Se passarem, encontrar um dos três grandes seria o melhor, até porque o clube passa por alguns momentos difíceis no que diz respeito à direção.

Questões extra futebol à parte, o Trofense chega IV Eliminatória da Taça de Portugal depois de deixar pelo caminho o Santa Clara, o Atlético e o Sobrado. Experiência para grandes jogos não falta. Segue-se a Académica com mais doses de motivação.

A esperança está na coletividade e na vontade de fazer mais por parte dos mais jovens. Mas há outro fator que pode ajudar a vencer. O ponta-de-lança Oneyka Lucky pode fazer jus ao nome e carimbar a passagem à próxima fase.

Trofense-Académica, sábado às 15h00. É a festa da Taça de Portugal.

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