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Jornal Record | Milagre na Trofa
Milagre na Trofa
Autor: Pedro Rodrigues / Comentador Premium
Não é de hoje mas, não deixa de ser um facto que os clubes, no geral, atravessam um período económico menos favorável e, atualmente, verificamos um desinvestimento ano após ano dos clubes de pequena/média dimensão, devido à escassez de apoios, o que conduz a uma menor capacidade financeira e, com isto, a perda na qualidade dos plantéis propriamente ditos, em virtude de não reunirem condições para se investir em determinados jogadores.
Um desses casos é concretamente a equipa do Trofense. Nos últimos anos, o conjunto da Trofa ganhou uma impulsão considerável, contando como ponto mais alto a subida à Primeira Liga em 2008 – pela primeira vez ingressou no escalão maior do nosso futebol – sagrando-se campeão na Liga de Honra, superando equipas como: Rio Ave, Vizela, Olhanense ou Gil Vicente.
A estreia entre os “grandes” não correu de feição ao Trofense, não conseguindo melhor do que a 16ª e última posição na tabela classificativa. No ano seguinte, o objetivo passava pela subida, algo que não foi possível devido a irregularidades quer exibicionais, quer a nível de resultados.
É certo que na temporada 2010/2011 as coisas foram bem melhores e contando com Porfírio Amorim no cargo técnico, o Trofense acabou a época apenas a um ponto dos primeiros dois classificados (Gil Vicente e Feirense). Mas nem tudo acabou por ser negativo, até porque se potenciaram determinados valores, que hoje em dia podemos dizer de forma clara que apresentam qualidades e capacidades para estarem a jogar em equipas mais competitivas, como é exemplo: Aderlan Santos (apesar de até não ter sido muito utilizado na sua primeira época devido a questões disciplinares), Filipe Gonçalves, Serginho, Nildo Petrolina e Licá.
Os dois anos seguintes foram complicados para o clube, sobretudo no plano diretivo e a situação mais complicada ocorreu, precisamente, esta época, na qual chegou a estar em risco a participação do Trofense nos Campeonatos Profissionais, uma situação no momento ultrapassada devido à contestação do montante da dívida existente, obtendo a Certidão das Finanças que a Liga exigia para inscrever a equipa na Segunda Liga.
Com este imbróglio, o planeamento desportivo acabou por ser afetado e grande parte dos atletas pretendidos já estavam comprometidos com outros clubes, iniciando a pré-temporada tarde e a más horas, contando como treinador, o experiente e mediático prof. Neca. As opções não eram muitas e a uma semana do início dos jogos oficiais – neste caso, a Taça da Liga – o plantel era composto por 17 jogadores, incluindo ex-juniores com pouca experiência e rodagem competitiva no futebol sénior.
Sendo assim, contabilizando tantos atrasos na planificação, naturalmente a Taça da Liga iria servir essencialmente para preparar as exigências que por norma estão inseridas na Segunda Liga, sendo que nos três jogos realizados nesta competição, além de três derrotas, registou um saldo de um golo marcado e 11 sofridos, deixando antever uma época bem complicada.
Antes do mercado de verão ser encerrado, o Trofense foi aos poucos preenchendo o seu plantel nas mais diversas posições, apostando na juventude e, naturalmente, as coisas foram-se resolvendo. Depois de 16 jornadas à frente dos destinos do clube, o prof. Neca acabou por dar o seu lugar a Micael Sequeira – o adjunto Vítor Oliveira assumiu numa primeira fase a equipa de forma interina – um técnico jovem, mas já com experiência de Segunda Liga e esta mudança acabou por ser extremamente benéfica, registando uma melhoria significativa, alcançando no final da prova o objetivo primordial, isto é, a manutenção, terminando o campeonato com mais dois pontos em relação ao Sp. Covilhã.
Estrategicamente, não houve alterações de registo entre um e outro treinador, se bem, que novos jogadores começaram a surgir em plano de destaque e o Trofense acaba por contar nas suas fileiras com uma fornada de talentos bem interessantes.
Defensivamente, o central Hebert Santos foi uma referência ao longo da temporada, ele que possui muita qualidade e ter assinado pelo Sp. Braga foi o concretizar de uma etapa na sua carreira. Forte no jogo aéreo e no desarme, inicialmente deverá ser utilizado na equipa “B” bracarense, mas tal como sucedeu com Aderlan Santos, deverá a médio/longo prazo juntar-se ao leque de opções da equipa principal.
O lado esquerdo da defesa, era anteriormente ocupado, e bem, pelo brasileiro Matheus, só que, com Micael Sequeira, o jovem Diogo Coelho começou a ser figura de proa, e apesar de neste momento ainda existirem nuances a serem trabalhadas de forma mais rigorosa – exemplo: ocupação de espaço, cobertura defensiva e tempo de entrada à bola – tem uma boa margem de progressão. Além do Diogo Coelho, também destaco: Tiago Lopes, Amorim, André Rateira, Leandro e Paulinho.
Claramente são atletas com futuro de larga escala.
O futuro do clube de momento é desconhecido, mas pelo esforço despendido ao longo do ano e as lacunas diversas, acabou por ser um “milagre” a permanência no campeonato, contudo, considero que o Trofense ainda terá muito para nos dar nos escalões profissionais e o futuro um dia voltará a ser risonho.
Fonte: www.record.xl.pt/opiniao/interior.aspx?content_id=823699
1 comentário:
muito bom.. parabens
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