Deve decidir quem sabe e quem pode.

Confesso que foi com surpresa que recebi a notícia que o Dr. Rui Silva tinha escolhido para treinador principal do CD Trofense, o Porfírio Amorim. Apesar de acompanhar de perto a vida do Trofense, eu não tenho uma grande cultura futebolística, e até há bem pouco tempo eu nem sequer tinha a ideia que o nosso actual treinador tinha trabalhado no Sporting, passados anos tinha trabalhado para o Benfica e nem que tinha trabalhado em tantos clubes da 1ª Divisão de Portugal e no estrangeiro. A única coisa que eu sabia era pelo que lia nas entrevistas do Presidente da Direcção que afirmava com muita evidência que o clube estava actualmente mais profissional e organizado. E, eu depreendia que isso era consequência da qualidade profissional do novo director desportivo, mas também achava que não era muito difícil, pois tenho a convicção que não era preciso ter muitas qualidades para fazer melhor que o Fernando Ramos que sempre me pareceu um voluntario, bastante amador, apesar de remunerado e com falta de preparação para as exigências do futebol moderno. A maior prova disso, foi que no tempo em que esteve no clube, não contratou nenhum jogador com qualidade suficiente para ser objecto de uma venda que representasse uma quantia economica importante para o clube. E, os que justificam essa grave lacuna na gestão desportiva com o famoso SE isto, SE aquilo, mais reforçam a ideia que os SES são uma das armas preferidas daqueles que falham muito.

Como tenho uma enorme admiração e respeito pelo Dr. Rui Silva, pensei para comigo que esta opção pelo Porfírio Amorim teria que ter muitas mais razões do que aquelas que eu estaria a pensar. Por isso, li com atenção a entrevista do Presidente da Direcção em que explicava as razões da escolha e passei a ter menos dúvidas e mais confiança. Não é gratuito vermos alguém dizer, ” Conheço-o muito bem”; “as suas qualidades não podem ser desperdiçadas”; “ponderei muito”; “ estou mais exigente na escolha dos treinadores”, etc. As palavras do Dr. Rui Silva, acabaram até com a hipotese que a escolha poderia ter sido por razões económicas. Pois apesar de ser público que o CD Trofense vai baixar substancialmente o orçamento, a dado passo afirmava nessa entrevista, que o treinador escolhido, “Defende todos os valores que eu considero fundamentais para este projecto, lealdade, seriedade, profissionalismo, rigor e ambição”. A palavra ambição, mostra que apesar de o orçamento baixar, a ambição não poderá ser menor. E, o Presidente da Direcção do CDT acrescenta, ” Eu sou actualmente um Presidente muito bem rodeado e na estrutura do Trofense só trabalham pessoas que contribuam para acrescentar valor ao clube”. Ou seja, o Dr. Rui Silva mostrava uma firmeza e uma convicção muito fortes.

Ainda mais convencido fiquei que o Dr. Rui Silva teria feito uma aposta muito consciente, quando passados uns tempos, neste Blog Sou Trofense, li um artigo assinado por Maria, em que vários Treinadores de 1ª linha, falavam do Porfirio Amorim, com grande deferência e elogiavam as suas capacidades profissionais. Tinham autoridade para falar dele porque tinham trabalhado com ele. Conheciam-no profissionalmente. Isso mesmo pensei eu, só devemos falar do que sabemos e conhecemos!

Foi então que como qualquer ser pensante que preza a seriedade, pensei, se as pessoas com quem o Porfirio Amorim trabalhou, o elogiam e atestam a sua competência, porque razão, eu que até nem sabia metade do seu currículo desportivo, iria ser uma voz discordante? Não faria sentido, nem seria de uma pessoa de boa fé. Confesso que passei a pensar que o novo treinador poderá ser uma grande surpresa, para bem do CD Trofense. E, é nessa postura que estou, aguardando os jogos a sério do campeonato para confirmar ou não esta minha ideia.

Até porque, a idade ensinou-me que a maioria das vezes, o desconhecimento e a ignorância levam-nos a juízos e opiniões precipitadas que depois se virão contra nós. Quando não sabemos ou não dominamos o assunto, é sempre prudentes não falar antes de tempo, pois o mais certo é ficarmos a falar sozinhos e à nossa volta ninguém querer ouvir-nos nunca mais. O primeiro princípio de alguém sério é acreditar em quem sabe e nas pessoas que estão habilitadas para decidir. Eu sei que há gente que prefere ir à bruxa que ao Psicólogo. Outros, preferem ir ao Endireita que ao Ortopedista. Outros, acham são felizes andando na Blogosfera inventando mentiras, urdindo falsidades, etc, etc. Já não tenho idade para brincar com a vida e andar a perder o meu precioso tempo com maluqueiras.

Os trofenses têm que ser gratos e nunca esquecer que o maior e principal responsável de hoje termos um clube de dimensão nacional e respeitado, é o Dr. Rui Silva. A ele devemos a respeitabilidade que temos. Os anos que tem de clube e as muitas pessoas com quem trabalhou, permite-lhe ter actualmente uma noção exacta do que é bom ou não para o CDT, de quem melhor serve ou não os interesses do CDT. Ele personifica legitimamente o clube e tem a gratidão dos autênticos trofenses.

Que direito teria eu que sou Informático de profissão, ou o meu filho que tem um curso de comunicação social ou a minha filha que trabalha na Preh, de criticar antecipadamente uma decisão do Presidente do meu clube, quando nem preparação e conhecimentos temos para nos pronunciarmos devidamente sobre questões de gestão desportiva. Poder, poder, até podia criticar, mas não tinha sentido e não passaria de um imaturo.

Criticar ou não gostar é um direito de cada um de nós, desde que tudo que digamos faça sentido e seja baseado em argumentos sérios. Usar da mentira ou da calúnia para fundamentar uma critica, não só não é sério como revela o mau carácter de uma pessoa.

O carácter de uma pessoa é como uma impressão digital é para toda a vida e revela a nossa verdadeira identidade.

MIGUEL SILVA