Rubrica da Maria | Juntar Duas Pernas A Uma Cabeça

Num Domingo de muito calor, o Trofense recebeu um Carregado que ainda tem muito que desenvolver se quiser assegurar permanência na Liga Vitalis. Com o nervosismo caracteristico do “primeiro jogo”, o Trofense entrou timido em campo, mas rapidamente tomou conta do jogo e mereceu inteiramente a vitória que só pecou por escassez. Relativamente à análise da equipa, porque não começar então pelo melhor em campo?
Moustapha, depois de 2 exibições que deixaram a desejar contra Penafiel, o Costa-Marfinense decidiu mostrar no primeiro jogo para a Liga Vitalis 2009/2010 que há talento puro para dar e vender. Desde dribles bem executados, a boas aberturas no flanco, até movimentações que não lhes eram características, e que foram fulcrais para o lance do seu golo. O jovem da formação da Trofa impressionou e abriu o apetite para a época que está a começar, contudo ainda precisa de aprender a largar a bola mais cedo em alguns lances, mas vai no bom caminho.
Já que começamos pelo ataque, passemos então a Williams. Apesar de por vezes ter aproveitado os desposicionamentos dos laterais contrários e de ter criado alguns desiquilibrios típicos num jogador como ele, não esteve muito bem, o que não deixa subentendido que tenha realizado uma má exibição, muito pelo contrário. No centro estava Hermes, pelo menos no papel. Se há algo a elogiar na vertente táctica a Vitor Oliveira são as constantes trocas de direcção por parte dos 3 jogadores mais adiantados, Hermes procurava ganhar as bolas altas, ou recuar no terreno, para, ao primeiro ou segundo toque devolver a um companheiro de equipa, deixando assim espaço aberto naquela que seria a sua posição natural, aproveitada geralmente por um dos extremos. Quando isto não acontecia e a bola era transportada para o flanco, aparecia bem em resposta ao cruzamento.
No meio campo, e leiam a frase até ao fim antes de a interpretarem, Tiago parece uma telenovela da TVI, jogo após jogo faz a mesma coisa, se isto normalmente se utiliza para desvalorizar, no caso de Tiago acontece exactamente o oposto. Foi mais uma vez o pilar da equipa e um dos homens em destaque, apesar de ter realizado uma exibição menos vistosa do que a anterior. É de destacar algumas bolas em profundidade que exploravam o espaço entre-linhas do Carregado, e deixa-me preocupada que após 3 jogos esteja a ficar sem elogios para lhe tecer. Já a Mércio, só lhe faltava a espada... e o capacete, lutou do primeiro ao último segundo de jogo, a relembrar algumas exibições da última época, o que lhe permite alcançar o estatuto de um dos melhores em campo. Filipe Gonçalves por sua vez, esteve no melhor e no pior, ninguém o pode acusar de não ser esforçado, mas existiram em particular algumas hesitações que mancharam uma exibição embelezada por alguns pormenores “deliciosos”.
Pedro Ribeiro foi o chefe da defesa, é impossível não reparar na sua qualidade tecnica, tanto a nível de desarme como com a bola nos pés, a seu lado estava Ginho, que jogou quanto baste, um pouco sobrelotado pelas compensações a Igor, diga-se, este último tem de apresentar melhorias no capítulo técnico-tactico se quiser manter a titularidade. Na direita, Bruno Sousa esteve bem, apesar de demasiado agressivo defensivamente, já a atacar por enquanto ainda não perdeu a “vergonha”.
No banco, de luxo para uma equipa da Vitalis, Romeu Ribeiro veio para substituir um Tiago já sancionado e não acrescentou nada à posição, não que isso seja negativo, simplesmente limitou-se a fazer o que o seu antecessor tinha desenvolvido até aí e fê-lo bem, de destaque o passe pela zona central que por pouco não dava golo a outro suplente utilizado, Paulinho, este não se aventurou em dribles mas deu toques da sua criatividade e foi muito dinâmico com movimentações que baralhavam por completo a defesa do Carregado. Por fim, Helder Sousa teve um momento infeliz, mas depressa recuperou e decidiu contemplar o público com o seu toque de bola agradável e ampla visão de jogo, raramente falhou uma recepção ou um passe. Um lugar na equipa titular não era de estranhar.
Finalmente, uma palavrinha em relação a Riça, quantos guarda-redes se podem gabar de uma percentagem de penalties defendidas próxima dos 67%? Contudo, mais uma vez assustou ao sair dos postes, situação que precisa de rectificar para o bem-estar do meu coração.

Evangelina Senra