segunda-feira, março 10, 2014

O nosso ex-guarda-redes, Bruno Conceição precisa da nossa ajuda!

Bruno Conceição: «Tenho de fazer a defesa da minha vida!»
Guarda-redes luta contra um mieloma múltiplo e abre o seu coração



Nada mais importa quando se luta pela sobrevivência. Por isso, não se pode dizer algo como «o golo de uma vida» ou «a defesa de uma vida» de forma leviana. Aos 32 anos, Bruno Conceição percebeu essa ironia.

A carreira do guarda-redes português não o colocou nos grandes palcos com regularidade. Porém, o respeito conquistado ao longo dos anos, associado ao grave problema de saúde, motivou a manifestação pública de solidariedade por parte de dezenas de profissionais de futebol deste país.

Bruno Conceição tem um mieloma múltiplo e precisa de um dador de medula óssea compatível. Descobriu a doença oncológica há cerca de um ano, sujeitou-se a um autotransplante mas isso não bastou. A sua rotina mudou por completo nos últimos meses.

Na reta final de uma descomplexada entrevista, a Maisfutebol Total lança a expressão e o guarda-redes abraça-a com a toda a força. Vai ser esta, literalmente, a defesa da sua vida? Bruno sorri, esperançado. «Tem de ser! Tenho de fazer a defesa da minha vida, não pode sair um frango!»

A aparente boa disposição não deve ser confundida com desleixo. Bruno Conceição tem atacado o problema com a seriedade que o momento exige. Largou a carreira de imediato e teve um curso intensivo de termos médicos que lhe eram estranhos. «Quando o médico me disse que tinha um mieloma múltiplo, percebi que era grave e que era algo oncológico, mas claro que não fazia ideia ao certo do que era.»

Na época 2011/12, o guarda-redes ajudou o Arouca na Liga de Honra. Seguiu para o Trofense, já em janeiro de 2013, mas foi aí que chocou de frente com a sua doença.

«Andava a sentir umas dores no adutor, pensei que era algo muscular e, depois de assinar com o Trofense, pedi-lhes uma semana para fazer tratamento nessa região. Depois, fui treinar. Fiz corrida com o grupo e, nos primeiros exercícios com os outros guarda-redes, acontece a queda natural que precipitou tudo.»

Bruno Conceição atirou-se para o lado e o corpo cedeu. «Fraturei um osso da anca, o ilíaco. Fui operado pensando isso mesmo, mas afinal era uma fratura num quisto, provocada já por uma fissura. Aquelas dores anteriores não eram musculares, afinal.»

O mieloma múltiplo, o maldito cancro, manifestou-se. A fragilidade dos ossos era uma evidência. «Os médicos perceberam logo que algo não estava bem, mas passaram-se largos meses até ao diagnóstico final. De qualquer forma, parei a carreira de imediato.»

A rescisão de contrato com o Trofense foi um passo natural. O clube não sabia o que aí vinha.



«Quando soube que afinal era um mieloma... Psicologicamente, como deve imaginar, o primeiro mês foi muito difícil para mim. Deixei de fazer planos para o futuro, passei a apreciar coisas simples do dia-a-dia, a que muitas vezes não damos valor. Enfim, foi duro mas percebi que tinha de lutar!»

Bruno Conceição passou a ser um anónimo utente do Hospital Santo António e do Instituto Português de Oncologia do Porto. «Um julho de 2013, estive a fazer radioterapia no IPO. Depois, estive internado três semanas para o autotransplante. Seguiram-se dois meses quae fechado em casa, resguardado, mas percebemos depois que não tinha resultado. Não estava pior mas também não estava melhor», desabafa.

As rotinas foram alteradas por completo. «Ao longo do último ano, tive de aprender a evitar certos espaços públicos. Tinha de levar uma máscara sempre que ia ao hospital. Enfim, tenho de ter certos cuidados. E só posso fazer caminhadas, os médicos não me querem a correr ou a fazer natação, por exemplo.»

O antigo guarda-redes lamenta ter interrompido a carreira mas sabe que a doença não escolhe datas. «Se não fosse aquela queda no treino, normal de um guarda-redes, podia ir na rua daqui a uns meses ou anos e de repente, do nada, partir uma perna. Só aí saberia que tinha isto, porque de resto não tenho dores.»

«Ainda bem que o problema foi detetado já, para o atacar, mas claro que custa ter sido assim, ainda na carreira. Tive de terminar. Os ossos ficam um pouco mais frágeis e, para além de todo este tratamento, a posição que ocupava desaconselhava por completo que sequer pensasse em voltar ao trabalho», salienta.



Os Bombeiros Voluntários de São João da Madeira, terra natal de Bruno Conceição, promovem uma recolha de sangue/medula óssea a 18 de março, entre as 9h00 e as 12h30. A sede da corporação fica junto à escola primária dos Condes e à PSP da localidade.

Pode saber mais AQUI.

Para além disso, qualquer interessado pode consultar o site oficial do Instituto Português do Sangue e da Transplantação para descobrir onde e quando pode dar o seu contributo.

«Fiquei vários meses a lutar contra a doença sem falar sobre o assunto. Porém, nesta fase, percebo que quando mais pessoas souberem, melhor para mim. Aproveito um pouco a imagem que tenho por ter sido profissional de futebol, mas é uma forma de ajudar a mim ou quem sabe ajudar outras pessoas.»

Fonte: http://www.maisfutebol.iol.pt/

Sem comentários: