Em entrevista ao site oficial do Clube, o Presidente da Direção do
C.D.Trofense, Dr. Paulo Melro, abordou a preparação da nova época,
comentou a estratégia definida no processo das contratações e explicou
em que ponto está o processo de estabilidade financeira.
ENTREVISTA PRESIDENTE PAULO MELRO
1) Senhor Presidente, como estão a correr os preparativos da nova época?
Estamos na fase final do planeamento, da gestão e definição da nova
época. Vamos arrancar no dia 1 de Julho com o processo muito perto de
estar concluído. O plantel de futebol profissional está praticamente
fechado, a equipa técnica está definida e a restante estrutura está
pronta e organizada. Foram semanas de longo e intenso trabalho, sendo
que a estabilidade desportiva e administrativa estão asseguradas.
2) O que falta para fechar o plantel?
Apesar de ainda não apresentarmos todos os jogadores contratados, temos o
plantel praticamente fechado. Falta definir uma ou outra situação, mas
estou convencido que na primeira semana de Julho encerraremos o processo
das contratações. O nosso plantel deverá ter entre 26 e 28 jogadores,
sendo que 2 serão ex juniores e outros 2 chegarão por intermédio da
parceria com a empresa brasileira Kourusport.
3) Como avalia o processo de contratações para a nova época?
A nossa base de recrutamento estava identificada, de acordo com o
rigoroso orçamento do futebol para a próxima época. Sabemos onde
estamos, sabemos para onde queremos ir, mas acima de tudo, temos a
consciência de qual o caminho a percorrer. Rigor, objetividade,
assertividade e realismo são palavras de ordem do nosso projeto. Apesar
da época passada ter começado de forma muito conturbada, o Clube
conseguiu recrutar bons jogadores, mas muitos deles vieram por
empréstimo ou só com um ano de contrato. Foram muito úteis no percurso
desportivo, foram valorizados e projetados pelo Clube, mas não geraram
receita, não foram ativos para eventuais negócios. A nossa política e
visão passa por recrutar jovens valores que possam, a breve prazo,
representar mais-valias financeiras para o Clube. Dessa forma, apostamos
em realizar contratos de 2 épocas com um conjunto alargado de
jogadores, com ordenados a rondar os valores mínimos. Temos o exemplo
recente do Aderllan Santos, onde só foi possível realizar uma venda com
um encaixe financeiro para o Clube, porque houve visão nas
potencialidades e nas capacidades do jogador, realizando um contrato de
longa duração. O facto de recrutarmos jogadores de divisões inferiores
não significa menos ambição. Significa que temos de adotar medidas e
estratégias de acordo com a realidade vivida hoje pelo Clube. Os nossos
mercados alvo são todos aqueles onde possamos recrutar jogadores, que
auferem valores a rondar o salário mínimo.
4) A equipa técnica e o plantel para a próxima época dão garantias para a concretização dos objetivos definidos?
Sim e digo-o de forma convicta. Começo por referir que acredito muito
nas capacidades da nova equipa técnica. É uma aposta num jovem técnico
para treinador principal, mas a sua formação, a forma como pensa e vive o
futebol e o seu trajeto profissional dão mostras de competência e de
profissionalismo. Auguro ao Luís Diogo uma passagem marcante pelo
Trofense e uma carreira profissional de excelência. A inclusão do
treinador Vítor Oliveira na nova equipa técnica será de extrema
importância, porque assegura a continuidade de alguns princípios e
linhas orientadoras que trouxemos para o nosso projeto desportivo.
Quanto ao plantel, começamos a sua construção pela base e asseguramos a
continuidade de jogadores de referência da época passada. As renovações
do Tiago, do Hélder Sousa e do Luiz Alberto representam a identidade de
uma equipa sofredora, lutadora e ambiciosa. Pelos anos que passaram no
Clube, pela qualidade inegável do seu futebol e pela liderança que
exercem dentro do balneário serão importantes para passarem a mística do
nosso Clube aos novos jogadores, para ajudarem na integração dos ex
juniores e na afirmação do André Viana, do Jorge Inocêncio e do Ricardo,
produtos da nossa formação. As renovações do Conrado e do Rateira
representam a continuidade de dois ativos, que apesar de estarem numa
fase de maturação, revelam potencialidades para outros patamares do
nosso futebol. Quanto aos reforços, estou convencido que serão
agradáveis surpresas e que o nosso Clube e a equipa técnica saberão
tirar o melhor proveito das suas qualidades. São jovens que vêm de
divisões inferiores, têm uma enorme margem de progressão, mas pela
imensa vontade e irreverência triunfarão no nosso Clube.
5) Já referiu que 2 jogadores ex juniores farão parte do plantel. A formação continuará a ser aposta do Clube?
Garantidamente. O nosso projeto passa por integrar o maior número de
jogadores da nossa formação, mas não podemos queimar etapas. Apesar da
excelente época realizada pelos nossos juniores, todos sabemos que o
nível competitivo entre os juniores e os seniores é muito diferente.
Temos de preparar bem esta etapa de integração no futebol profissional,
saber esperar com paciência o melhor momento para os lançar. Posso
avançar que iniciarão a pré-época quatro ex juniores, são eles o Bruno
Chuca, defesa esquerdo, o Tiago Dias, defesa central, o Xico e o
Carlitos, ambos médios. A equipa técnica, juntamente com a estrutura do
futebol profissional, escolherá dois para fazerem parte do plantel para a
próxima época. São quatro jogadores com grande potencial e não está
colocada de parte a possibilidade de todos ficarem ligados
contratualmente ao Clube.
6) Como está o processo de inscrição do Clube na 2ª Liga? O Clube cumpriu com os pressupostos?
Hoje, posso afirmar e confirmar que o Trofense vai disputar a 2ª Liga na
época 2013/2014. Foi mais uma batalha vencida e uma vitória conseguida
para o nosso projeto. O Clube cumpriu com todos os pressupostos exigidos
pela Liga a tempo e horas. Um dos pressupostos obrigatórios era a
inscrição do Clube em formato de sociedade desportiva. De acordo com a
autorização dos sócios em Assembleia Geral, o Clube constituiu a SDUQ
(sociedade desportiva unipessoal por quotas), registou-a no cartório
notarial e entregou os registos definitivos nas entidades competentes.
Apesar das dificuldades e dos muitos obstáculos, conseguimos inscrever o
Clube na próxima edição da 2ª Liga.
7) Com o Per não aprovado, como está o processo de estabilidade e de viabilidade do Clube?
Como foi tornado público, o Tribunal de Santo Tirso não aprovou o plano
especial de revitalização apresentado pelo Clube. A impugnação
apresentada pela empresa Eurico Ferreira, S.A. alterou a votação final e
o plano deixou de contar com os votos suficientes para garantir a sua
aprovação. Mesmo com a impugnação, o plano teria sido aprovado com
maioria se o voto favorável das Finanças tivesse entrado dentro dos
prazos, chegou dois dias depois e já não foi contemplado. Tentamos de
todas as formas chegar a acordo com o credor Eurico Ferreira, mas este
mostrou-se sempre intransigente e decidido em criar obstáculos ao Clube.
Contudo, não podemos ficar à espera da decisão do recurso que
apresentamos no Tribunal da Relação e vamos percorrer outros caminhos.
No seguimento processual da não aprovação do PER foi decretada a
insolvência do Clube, avançando para um plano de recuperação a
apresentar em trinta dias. A administração do Clube mantêm-se na direção
com supervisão do mesmo administrador judicial, que já acompanhava a
gestão do clube no âmbito do PER. Queremos rapidamente definir um plano
que reestruture o passivo do Clube, de forma a começarmos a pagar aos
credores. Cerca de 20% do orçamento da próxima época será referente aos
compromissos que iremos assumir, depois de os credores aprovarem o plano
de recuperação. Estamos a fazer um enorme esforço para garantir
receitas que cubram o próximo orçamento, mas este processo está a
revelar-se difícil. Temos de manter e reforçar todos os apoios que
tivemos esta época e temos de angariar e juntar ao nosso projeto mais
patrocinadores e parceiros.
8) A atual Direção vai para o segundo ano de mandato, o que falta fazer ou acabar dentro do projeto que trouxeram para o Clube?
Nem tudo está resolvido da época passada. Temos compromissos com
fornecedores, jogadores e funcionários para cumprir. Vamos honrar os
nossos compromissos, mas teremos necessariamente que receber as receitas
que estavam identificadas e definidas no nosso orçamento. Estou
convencido que dentro das próximas semanas chegará ao Clube a solução
para resolver estes problemas. Ao nível administrativo já mencionei na
resposta anterior, mas o principal objetivo passa por tornar o Clube
viável e auto sustentável. Ao nível desportivo queremos realizar uma
época de afirmação, conseguindo atingir a manutenção na 2ª Liga o mais
rápido possível. Ao nível do futebol de formação desejamos dar
seguimento ao bom trabalho realizado pelos responsáveis do departamento e
queremos formar mais jogadores que possam servir a equipa sénior.
Depois, estamos a trabalhar para melhorar o atendimento aos associados,
criando um espaço de referência para todo o universo Trofense. Durante o
mês de Julho, deveremos inaugurar a nossa loja, no piso 0 da nossa
sede, onde estarão centrados todos os serviços de apoio aos sócios. Para
além da loja e da secretaria, nesse espaço estará também o museu do
Clube, onde todos os Trofenses poderão conhecer a história do nosso
Clube desde a sua fundação e poderão ver o espólio de Troféus e de
Taças. Também estamos empenhados em realizar iniciativas e parcerias que
aproximem os Trofenses e o tecido empresarial ao Clube. Queremos também
modernizar e melhorar os serviços e imagem do Clube. Temos um
departamento vocacionado para estes objetivos e brevemente serão
conhecidas todas as suas iniciativas. Fundamentalmente, estamos
empenhados em servir o Clube, tornando-o cada vez mais, melhor e capaz
de ultrapassar desafios e obstáculos.
9) Como vê a reestruturação dos quadros competitivos promovida pela Liga?
Começo por felicitar o Presidente da Liga, Dr. Mário Figueiredo, e a sua
equipa pela forma empenhada como têm liderado este processo. Não é um
processo de fácil resolução e de consenso, mas o procedimento de chamar e
ouvir os Clubes agrada-me pessoalmente. O Clube já apresentou a sua
visão para a reformulação da 2ª Liga, mas acima de tudo é preciso
encontrar soluções com o equilíbrio entre os fatores receitas/custos e
competitividade. O atual formato está desfasado do equilíbrio
mencionado. Em termos de competitividade, existe um elevado número de
equipas que no último terço do campeonato já não tem objetivos e esse
facto não protege a verdade desportiva. Defendemos uma competição por
fases, na qual os 22 Clubes sejam divididos em duas séries, de forma
haver uma redução do número de jogos e uma redução de custos
relacionados com deslocações e organização de jogos. Cerca de 10% do
nosso orçamento está afeto a estas rubricas. Se as alterações aos
quadros competitivos que forem apresentadas não promoverem
sustentadamente o equilíbrio já referido será mais prudente manter o
atual formato da competição. Também defendemos o alargamento da 1ª Liga,
desde que sejam asseguradas a promoção direta de 3 equipas da 2ª Liga.
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4 comentários:
é engraçado os nossos dirigentes acreditam mesmo que é possivel formar uma equipa com jogadores amadores, para jogar esta liga. É possivel, mas e muito arriscado.
gostei da entrevista
se as medidas forem todas concretizadas parece-me que vamos ter um futuro risonho
e aquela ideia da loja e do museu é muito bem visto
Museu !!! e Porque Não Uma Azenha?
as azenhas ficaram entregues à presidente da câmara.
NÓS É MAIS FUTEBOL.
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