Dez anos de más gestões estratégicas, vivendo acima das possibilidades da terra que o sustenta, a Trofa, com a concretização de obras no estádio que nunca foram integralmente pagas e um sonho de jogar na primeira liga, que virou pesadelo, desonram a memória dos fundadores e de todos os que trabalharam para que fosse sempre um orgulho para todos os trofenses.
Nas minhas memórias, muitos jogos nos campeonatos regionais no velho pelado, a apresentação da primeira camioneta para transportar atletas, a subida aos campeonatos nacionais na época 83/84, a minha passagem como desportista (assim como da maioria dos rapazes do concelho), as “trofadas” de 93 e o diferendo com o “Varzim” que o levou à descida de divisão, o título da liga de honra de 2007/2008 e a ascensão à divisão máxima do futebol português. Tudo parece história e passado, que deixam o futuro de cerca de três centenas de atletas das suas camadas jovens, os menos culpados, e que estão à deriva quanto ao seu futuro desportivo, com uma herança que nenhum jovem merece.
Questiono de como foi possível terem sido “injetados” milhares de euros da Trofa e dos trofenses, ao longo dos últimos anos, sem que o controle estratégico fosse assegurado pelos executivos da Câmara Municipal da Trofa, que se reflete como péssima utilização de dinheiros públicos.
Além do mais, e porque não fujo da abordagem dos temas pela raiz, não querendo ser tomado por alguém que está para aqui a “dizer umas coisas”, em concreto refiro-me à verba de 135.000€ do contrato programa de “Apoio ao Associativismo Desportivo”, concedido pela Câmara Municipal da Trofa e celebrado em julho de 2014, mesmo quando o clube em risco de insolvência iminente, como aliás é do conhecimento de todos, e como tal, com reduzidíssima sustentabilidade e pouca garantia! O mesmo protocolo estava dividido em duas verbas:
a) 75.000€ para atividades regulares das camadas jovens. Ora, se dividirmos a verba por 300 jovens existentes nas camadas jovens, dá cerca de 250€ por atleta ao qual se junta mais outro tanto provenientes dos pais dos atletas, porque os atletas também pagam e, os trofenses sabem disso! Aliás, quanto mais pequeno é o atleta, mais paga!
b) 60.000€ para instalações de Paradela, umas e outras “obritas”, mas sobretudo o “aumento dos balneários e criação e apetrechamento de sala de estudos”. Quem lá vai sabe que a obra não está feita e a maquete que foi sendo exibida não passa de um sonho vendido às pessoas!
A Câmara Municipal da Trofa tem a obrigação fiscalizadora que lhe é consagrada por lei, mas que no protocolo celebrado, e ao qual me refiro, foram definidas obrigações conjuntas:
a) “Manter o sistema de controlo e acompanhamento de execução do contrato-programa mediante reuniões mensais.”
b) “Manter o acompanhamento das melhorias das instalações.”
c) “Fazer o acompanhamento do desenvolvimento das modalidades desportivas para as CAMADAS JOVENS, mediante visitas semanais às atividades pelos responsáveis do desporto da autarquia.”
O que falhou?! É que o impacto nas populações é brutal, quando se fala de um investimento de 135.000€ por parte da Câmara Municipal, para o desenvolvimento estratégico do concelho da Trofa. Tal verba torna-se inadmissível, porque é obtida diretamente da altíssima carga de impostos, taxas e serviços que atualmente um residente, ou empresa da Trofa suportam e, onde tudo “está no máximo”, água que consumimos, IMI pelas habitações (0,5% sobre a avaliação dos imóveis), derrama nas empresas (1,5% sobre os lucros das sociedades), a que se somam outras mais! Em termos comparativos, a verba de 135.000€ é mais do que o orçamento anual da Junta de Freguesia do Muro que se cifra nos 80.000€ ou de Covelas nos 100.000€, facto pelo qual a referida verba ainda me deixa mais perplexo e impunha acrescido rigor, não só na estrutura à qual ela estava a ser entregue, mas também no rasto que essa verba leva.
Centrando-me novamente no que me interessa e porque este assunto diz respeito a todos os trofenses, com uma discussão clara e aberta, já que as reuniões secretas de soluções milagrosas e de investidores “das arábias” revelou-se uma treta, pouco abonatória ao interesse e independência que se exige ao Clube Desportivo Trofense, associação de interesse e utilidade pública.
Espero que não haja a mesma “vontade política” que tem destruído a Trofa, mandatos atrás de mandatos conduzidos por opções inválidas e que penalizam todos os que amam esta terra.
Chega de frases feitas e plastificadas, como o recente “Orgulho trofense”, mas que mais não representa que uma Trofa de vaidades, de fotografias e de facebooks, como se todos fossemos estúpidos ou cordeiros alinhados dum qualquer partido político e não tivéssemos olhos para ver os concelhos vizinhos.
Espero que os protagonistas estejam à altura dos mais altos interesses da Trofa, honrando os nossos antepassados e assegurando o bem-estar da comunidade. Estou e sempre estarei com o “Clube Desportivo Trofense”, fundado em 1930, clube da formação de homens e que carrega a bandeira da nossa terra, a Trofa.
4 comentários:
Tao onde anda aquele grupo de investidores liderado pelo Rui Silva? Nao iam salvar o clube? Onde eles estao? Que mudou com esses investidores? A equipa tem 3 meses de ordenados em atraso, nao admira porque os medicos se foram embora.. O dinheiro tem de ir pa algum lado....
A aprovação do PER é de 80% e não 60% do valor das dividas.
Este presidente do clube dos carrinhos da trofa, e so bla, bla, bla, critica tudo e todos.... Daqui a pouco, ate se auto-critica, e nem vai dar conta! Ridiculo.
Mais um "novo rico" armado em otario! Que fez pela Trofa este sujeito, ou a associaçao da qual e presidente? Luxurias? Fotografia? Vai pregar para onde te dao tempo de antena!
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